Para a mulher que vem antes da mãe.

Quero que vejam ela. A que corre, pinta, borda, é mansidão e também pé na porta, fala da vida, sonha, ri e também chora pois sabe que a sua força vem justamente de se permitir desaguar. A mulher que tem coragem, luta e sangra; que respira fundo a solitude, cuida do jardim das suas flores vizinhas e cultiva sua própria paz em meio a todo e qualquer caos. A mulher que aprendeu que ser é uma constante reinvenção e, por isso, trocou a pressa por uma playlist melhor.

A mulher que vem antes da mãe.

Quero sentir a pele, ouvir suas palavras, olhar nos teus olhos mesmo sonados e honrar o teu descanso. Quero te curar da culpa – mesmo a que você concorda não ser tua, cuidar pra cicatrizar as feridas que precisou desatar pra chegar até aqui e viver ao seu tempo.

A mulher que vem antes da mãe.

Vamos ser mais amigas…. não a de antes, pois essa sequer existe mais. Quero abrir espaço pra de hoje, agora. Pois sei que pode muito mais, depois de tudo, depois de se acolher mãe.

Essa é fogo que queima e arde, água que flui e relaxa. Carrega um novo olhar do mundo e da vida que aprendeu a se reconstruir. Não nega o passado, abraça o presente e larga mão de controlar o futuro.


A mulher que vem antes da mãe está aqui, abraça a sí e a que está aí. Com a consciência de que as realidades não são iguais e não estamos no mesmo barco, mas espaço no bote nunca faltará aqui.


A mulher que vem antes da mãe, já sei seu nome. Já fomos por anos apresentadas. Já te percebo de longe, ainda que mude o corte de cabelo, mas me faço. Sei que agora precisa se espaço, ar e expansão. O corpo que fez casa, ainda é primeiro a sua mansão. Não se acanhe. Não tente se reenquadrar. O mundo é grande, mas o seu, ainda que no vendaval da rotina não perceba, é infinito – você sente. Você construiu.

À mulher que vem antes da mãe: te escolhi pra desbravar a vida. Juntas, somos um time e tanto.