Olá meus lindes, voltamos para mais uma conversa sobre masculinidade. Dessa vez vamos falar sobre um tema que incomoda muitos homens: o choro.

Quantas vezes vocês já ouviram alguém dizendo que homem não chora? 

Eu segurei muita coisa dentro de mim por anos simplesmente pela noção de que nós, como machos, não podemos expor nossos sentimentos para o mundo. Isso causa um impacto imenso na nossa saúde mental, pois nos impede de dividir tanto angústias quanto alegrias com as pessoas que nos cercam e, teoricamente, nos apoiam.

Como podemos viver assim? Principalmente numa época como a que estamos hoje, em isolamento social, é imprescindível falarmos sobre o que sentimos. Ouvir a nós mesmos transmitindo isso em alto e bom som nos ajuda a entendermos melhor o que se passa conosco. Dividir nossas questões e receber uma opinião nos apresenta a oportunidade de ouvir diferentes pontos de vista. Receber uma palavra amiga ou de apoio e compreensão nos mostra que, ao contrário do que muitas vezes pensamos, não estamos sozinhos. E às vezes nossos choros podem ser felizes, de alegrias ou conquistas que queremos compartilhar com àqueles(as) que se sentem bem somente de saber que nós também nos sentimos bem.

Esse mês foi meu aniversário e eu estava um pouco desanimado por saber que não poderia comemorar com a presença física das pessoas que amo. Porém eu tive uma surpresa que me arrebatou completamente. Minha esposa organizou, de alguma forma sem eu perceber sendo que passamos vinte e quatro horas por dia juntos, uma reunião por vídeo chamada com muitas pessoas queridas. Nessa reunião eu tive uma segunda surpresa, onde recebi um presente maravilhoso, de forma colaborativa e coletiva, dessas pessoas. Bom, eu já estava me derretendo todo quando chegou a terceira surpresa (permaneço em choque com a capacidade da minha esposa de organizar surpresas): Um vídeo de vinte e um minutos com todo mundo que eu gostaria que estivesse comigo nesse dia, me transmitindo desejos maravilhosos.

E aí eu perdi as estruturas.

Passei os vinte e um minutos chorando copiosamente, com todas as pessoas me assistindo enquanto eu via o vídeo. E quando acabou todo mundo estava sorrindo e dizendo que queriam me ver chorar mesmo, me ver expor toda essa emoção. Foi uma onda de alegria compartilhada sem igual. Não havia me sentido tão amado, tão abraçado em toda a minha vida. Mesmo estando fisicamente distantes nós estivemos mais próximos que nunca e eu acabei tendo o melhor aniversário da minha vida.

Imaginem se nós tivéssemos perdido esse momento lindo por eu guardar minhas emoções para mim?

O que importa é nós sermos gentis conosco e nos permitirmos sentir. Só sentir, sem tabus, sem reservas, sem vergonhas absurdas. 

O que importa é nós nos permitirmos ser livres.

Então, quando fizer sentido para vocês, chorem. Dividam seus sentimentos. Não se acanhem. 

Meninos choram sim.