Então, um dia fui trocar Levi. Tinha sido só uma escapulida de coco na madrugada. Achei melhor mesmo assim – vai que acorda só por isso? Vamos lá. Com luz baixa, pouco barulho, fui pegar a fralda nova… no intervalo, veio aquela enxurrada pelo trocador, pé, costas, testa – na minha (como?!). Já não foi a primeira vez. Na outra vez eu ri, nesse dia, eu precisava chorar.

A cena ridícula, mas necessária.

Chorei.

Limpo, deitou no meu colo e mamou. E eu segui chorando em silêncio. Aquele silêncio da alma gritando. Quieta pra não o acordar, usava sua fraldinha de boca pra secar os olhos. Sarcástica, pensei: será por isso que recomendam tantas fraldinhas?

Adoraria que este fosse um post com um lindo carrossel, arte bonitona, com 5 dicas para qualquer coisa, feito no canvas e no final dizendo “se gostou compartilha”. Mas na real, sei que não precisa de conclusão alguma. Talvez seja por isso que a solidão materna é chamada dessa forma. Solidão.

Independe do dia, de lógica, de quantas pessoas você confia, muito menos do quanto você ama sua vida e sua cria… só vem. E aceitei deixar vir. Me sinto além carne e osso, a flor da pele. E choro. Alivia.

Nem tento descrever. Talvez seja por isso que pouca gente fala ou até desabafa, mesmo sabendo como é importante- demorei 3 sessões pra saber minha terapeuta entender, pois qualquer pessoa que a gente converse vai perguntar:

– Que aconteceu?
– Putz, nada..
– Nada?! Mas tá chorando?

– É que eu fui trocar uma cagada do meu filho e desaguei chorando sobre minha vida que eu não sei nem que horas são, se vou conseguir dormir hoje e se vou conseguir fazer qualquer outra coisa pois agora parece que não mas eu sei que passa mas preciso chorar.

É, mães. Hoje, eu entendo…

No dia em que peguei o meu filho nos braços, eu sei e já sabia, nada nunca mais seria totalmente como eu quero, na hora, como imagino, penso ou preciso. De tudo que li, nunca imaginei como seria chorar de cansaço. Ah, a dor do cansaço. Da repetição dos dias, do sono picado. Dói. Ela bate, vem, deságua. Não pede licença. Vem. Ninguém te prepara pra isso, pois a gente não conhece. A gente precisa se conhecer nessa situação. Então, se real-conhece.

Tô tão cansada, cansada de pensar que tô cansada e de falar do cansaço pra desabafar, que canseira que dá.

Pode não ser fácil, -não é- mas tento fazer o possível que os dias em sua maioria sejam agradáveis. Abraço forte meu filho, beijo, divido colo, no pouco tempo que tenho na internet vejo memes… e não recuso meu choro. Choro minhas lágrimas, mesmo quando elas ardem os olhos, mesmo que não faça sentido… ou manifestem-se em coisas bestas como uma fralda suja.

Toda cagada. Um dia dou risada. Outro eu choro.

Sempre me lembro: estamos todos improvisando.