No dia em que chegou na antiga casa, ganhou “O” vaso de cerâmica. A bichinha, ainda que sem nome, tava toda feliz, o tal upgrade na vida, até que resolvi mudar os vasos de posição, bati com a bunda e paft. Toda pro chão. Recolhi os raminhos, peguei outro vaso, “melhor deixar nesse de plástico”, disse Fabio que já conhece os seus. Foi melhor mesmo.

De lá pra cá, foram várias rabadas e a Zami, carinhosamente apelidada, sambava no pedestal. Quase todo dia Fabinho me falava “não é melhor colocar outra planta aí”, e eu sempre achei que ali combinava com ela. Malemá, uma rabada da Lucy pra cá, pra lá, ela rebolava e aguentava. Abusada.

Ano de 2020. Nos mudamos e na mudança não couberam todas as plantas. Não, não dá pra deixar Zami. Enchi o saco e na 2 leva, veio ela, no cantinho, encaixada naquele encaixe que a gente sabe que vai dar bosta. Tanta planta pra cair do caminhão, quem caiu? Não, não foi a Zami…

Casa nova, mudou lugar, cidade, luz, ar, água.. vi que ela não estava muito feliz onde a deixamos, mesmo com barrigão, falei: acho que lá você será mais feliz, né? Lucy entendeu que era com ela a coisa, veio, bem feliz, mas BEM feliz mesmo. Bateu com o rabo, virei as costas e ouvi, paft… pobre Zami. Fabio juntou seus pedaços, reergueu e falou: como ela ainda aguentou mais essa?

Então, grávida, passei a não dar conta. Minhas plantas ficavam felizes quando viam que meu pai me visitava, enchia a jarra do liquidificador com água e fazia as honras. Um dia varrendo o chão, com barriga de 8 meses, sentei pra descansar e vi Zami. Olhei pra ela e disse: putz, precisa de água né miga, tô vendo que agora só vou poder ter suculentas. E ela praticamente me olhou dizendo: sou facinha, mas meça suas palavras e não desisti de mim.

Desde fevereiro ficou difícil olhar minhas plantas como antes. Me dói.

Vamos lutando juntas diariamente cada uma nas batalhas que podemos travar ou abrir mão. Quase todo dia falo: calma, nossa hora chega – com um ajudante.

Hoje, tomando café sentada com Levi, olhei pra Zami e vi alguns novos brotos. POIS É.

Chocada! “E EM 2020, ZAMI?”

Tanta coisa aconteceu e a danada ainda floresce… ou melhor, ela floresce porque vive tudo que acontece.

Zamioculque-se