É como venho me sentindo. E isso pode ser tão belo e tão aterrorizante. É (p)arte.

Me olho, vejo o mesmo traço, mas com a pele diferente. Me visto, buscando o conforto de sempre, mas em outras peças. Escrevo, vejo a mesma apaixonada em desentulhar o que sente, mas com outras palavras. Me conheço e às vezes não reconheço, as vezes assusta, as vezes é um presente. Como uma tela em branco.

Nela posso ser cheia, vazia, infinita. Mesmo tudo parecendo tão confuso, tão confuso que nem confuso seria a palavra. Uma tela em branco não dá pra saber onde começa ou onde termina.

É profunda.

Posso pintar, posso deixar assim, posso usar cores novas, usar cores que sei que dão certo, posso fugir das que não gosto, ignorar as que enjoei e posso dar chance. Posso rasgar tudo e pegar de volta. Posso doar, ressignificar, recusar, cansar, apreciar. Posso pintar com qualquer forma, formato, maneira, jeito, matéria… posso não pintar – e me encontro assim.

Vivendo
sem muitas vezes saber por onde começar.
Resistindo
e isso pede energia enquanto me energiza.
Existindo
buscando como apreciar a alma em obra.

Alma prima; que conheço tão bem e as vezes parece que nunca a vi. Tão igual, mas nem tanto. Tão eu, mas tão qualquer outra coisa que ainda vou saber.

Me sinto (p)arte dessa zona. Não responsável, parte.
Inteiramente inacabada – e estar em obra hoje me soa aterrorizadamente interessante.

Uma tela em – off-white – me cai bem
– branco não tem na minha cartela, me apaga kkk