Cartas para Gergelim – 12/12/2019

Filho(a), essa semana ficamos meio doidos. Eu e você. Sentiu? Eu sim.

Brilhei, me senti ótima, quis enfiar a cabeça no meio da terra, chorei em posição fetal, te pedi desculpa e fui pesquisar no Google se chorar te fazia mal. Não ri – ok, pode rir. Maternidade é linda, é foda e é ridícula kkkk. Até agora meus hormônios estavam se comportando e nos últimos 3 dias, eu só faltei subir em cima do telhado pra gritar. Não me pergunte o que e nem porquê o telhado. Sei lá.

Quase mijei na calça de rir no sofá, na cozinha, no home office, no meio da reunião, de gravação. E também chorei o dobro em todos estes cômodos.

Nada faz sentido. Exceto que faz, é você bagunçando meu mundo que eu já sentia, previa e conhecia. É você me fazendo olhar pra dentro e pensar: Quem é você e o que fez com a Isa? E aí dei risada e 5 minutos depois chorei. Seu pai entrou na sala nessa hora. Sou boa em disfarçar meu sofrimento, mas dele não. E ele foi ainda mais bom no disfarce e fingiu não perceber a lágrima presa nos meus olhos e inventou qualquer coisa pra me perguntar na hora. Fechou a porta e antes de bater, abriu de novo: quer um abraço?

Geralmente seu pai é assim. É o rei de chegar no meio da tarde e me abraçar de graça. E especialista em sentir quando alguém não precisa ouvir conselho algum, só um afago pode curar. Pra mim é um exercício me desconcentrar do trabalho pra partir pra esse abraço, mas nesse dia, eu olhei pra ele, me coloquei de pé e disse: eu quero. Ele me abraçou segurando o riso, até que eu ri primeiro. Ele tem achado tudo legal mesmo assim.

E vou te falar que é legal a gente se conhecer de novo diariamente mesmo depois de 10 anos e no meu caso depois de 28 anos. Uma Isa que nunca vi, senti, conheci. E essa é a constante que eu gosto. Adoro curtir algo novo com gostinho familiar de mesma coisa pra me readaptar.

Então, hoje, já voltamos ao nosso normal bem anormal de ser. Por isso consegui escrever e rir desse vulcão. Mas relaxa, vamos surtar e curtir muito juntos na vida ainda – não necessariamente nessa ordem. E faz (p)arte