Como a gente pode facilitar a vida? perguntei.

Eu sempre conversei muito com ele. Mesmo quando ainda não éramos nós, era apenas ele sendo ele. Foi conversando tanto que percebi como ele conhecia muito de tudo e sabia tanta coisa inútil. Conversando que me liguei como ele era tão idiota quanto eu. A vida, o tempo, a morte, os valores, como se deve usar uma rotatória e se administrar bem uma empresa. Não importava o assunto, eu sempre gostei de ouví- lo falar – e não parava nunca, jamais. Prático, direto e com todo o carinho do mundo. Ele sempre foi o meu lado centrado, sereno e racional. Embora ele diga eu seja assim, comparada com ele, eu sou só um coração.

Cinco anos e meio depois, eu lavava a louça de casa, restolho da que ele lavou do almoço. Pensava sobre a vida, para variar. Sobre o que passamos, rimos, choramos e o que ainda poderia vir. O que poderia vir, dava frio na barriga. Já passamos por tantas presepadas que dava arrepio na espinha imaginar. Foi quando falei outra vez: como é que a gente faz para facilitar a vida?

Olhei para traz ainda esfregando uma panela e ele estava respondendo emails concentrado, não me ouviu falar. Óbvio, falo o tempo toda sozinha, fica difícil adivinhar. Mas, pude responder na minha cabeça obviamente o óbvio, com todo o xucrismo e com o som da voz dele:

Facilitando, ué.

Afinal, na vida as vezes as coisas dão bem certinhas, muitas vezes não. Mas, escolher manter o senso de humor e não abalar a nossa força, está realmente nas nossas mãos. “Nada é ruim para sempre”, e estamos todos com nossas batalhas para travar. Facilite. Idealize menos. Simplifique. A sua paz e das pessoas ao seu redor, agradecem. ♡