Sexta- feira a noite, a banda em que ele se enfiou ia tocar e, namorada é pra essas coisas, lá fui eu curtir a pontinha de juventude porradeira que tem em mim. A banda é boa, muito boa, energia brasuca pra lá do teto e contagiante, não vi ninguém parado. Exceto, bem, quem vos escreve. Na verdade, pensei essa crônica inteira enquanto estava por lá, entre uma, duas, três e deixapralá catuabas. Pausa pro intervalo, ele vem, toma uma água e nos entregamos ao pingo de velhice e saudade que levamos estampados na cara: abrimos o vídeo da nossa cachorra no meio do rolê E ainda mostramos pra quem estava por perto E não estávamos n-e-m-a-í.
A banda volta e minha preguicite é mais que a primeira parte, canso só de ver aquela galera fazendo todos os paranauês de coreografias que eu não sei fazer e cantando letras que eu não sei de cor e muito menos sambar – que inveja. Lá no fundo, no cantinho, vi um cara ali, dançando meio que sozinho, pé pra lá, o outro pra trás, mão ora pra direita, depois esquerda e sorrindo com olhos fechados. No outro lado do salão, uma mulher, dançando meio que sozinha, pé pra cá, o outro pra frente, mão ora pra esquerda e depois direita e sorrindo de olhos fechados. Suspirei quase gritando: abram os olhos meus queridos, o avesso de vocês tá do outro lado esperando pra se encaixar. Encaixar. Olhei e olhei tanto que, por fim, o cara veio e me pediu pra dançar. Não moço, não sou eu. É ela, ali de vestidinho florido. Tudo é uma questão de encaixe e isso vocês já tem. Ou não.
Ás vezes o amor nos faz dançar, mesmo sem saber. Ás vezes ele nos ensina a dançar muito bem e depois, vai embora. Para outros, encaixa e bate o santo, mas ainda não é. Alguns, o momento ajuda a dançar aquele primeiro momento e depois, não é mais preciso dançar, só deixar o amor ser. Outras vezes, nenhum dos dois sabem, mas se entendem como ninguém sem se entender. E foi aí que, enquanto a banda cantava “Ela é minha menina, eu sou o menino dela” percebi que eles se olharam! Ela cochicha para amiga que mal se mexeu a noite inteira e ela vai até ele e o tira pra dançar: A AMIGA! A coisa não batia com nada, mas fechava, sabe? É. Para outros, o amor vem na coragem de não saber e só ir e se lançar. E a tal do vestidinho florido, ainda dançava sozinha sorrindo de olhos fechados. A música realmente tava muito boa, mulher.

Com certeza pode não ter sido amor, pode não ter sido destino. A gente precisa sempre dar nome aos bois para criar um raciocínio em um texto, mas dessa vez meu amigo, foi só a catuaba mesmo – no caso a minha batizada de santa casamenteira. Mas, a boa notícia pra vida é que, ainda que você não tome a vergonha na cara de aprender a sambar ou só queira aquela noite dançar sozinho, o amor uma hora faz a parte dele no tempo dele e depois, não importa a dança, mas com quem se vai tirar pra dançar pela vida toda. Como já cantam por aí, “Só sei dançar com você, é isso que o amor faz…”  – e a catuaba também, não confunda.

Fotos dessa noite? aqui.

imagem retirada do pinterest.