Com um amor se cura outro amor, é sim, verdade.

– Amiga, terminou.

Foram as palavras exatas que eu disse para minha amiga quando terminei meu primeiro namoro. Lembro que eu não consegui dizer muita coisa e essas duas únicas palavras saíram de mim com esforço. Quase me sufocando. Parecia que uma parte de mim tinha corrido para longe, bem longe e eu tinha ficado ali. Largada com um travesseiro no colo e um pão de leite açucarado na mão. A maior parte da ligação eu chorava e tentava explicar o porquê terminara. Adivinha? Mais chorei do que falei. Meu crédito acabou e a falta de vontade me impossibilitava de ligar o computador para contar. Pensei que não conseguiria dormir a noite, tomar banho ou até mesmo colocar um pijama bonitinho naquela terça- feira. Pensei que ficaria naquele jeito para sempre, para pior. Até que em um lapso, sequei algumas lágrimas e peguei o bloquinho de papel mais próximo da minha cama. Listei tudo o que eu já tinha feito para alguém e que nunca tinha chegado perto de me dar ao luxo de fazer por mim. Listeis os meus defeitos, sonhos, planos e livros que eu gostaria de ler e nunca consegui por apenas me dedicar a alguém e não à mim. O bloquinho quase chegou ao fim, quando falei em voz audível:

– Terminou não, começou.

Se tem uma coisa que nunca é um desperdício de viver, essa coisa é o amor. Nunca amei alguém e não aprendi nada: O que fazer, o que mudar, o que melhorar ou até mesmo, o que não mais procurar no amor. Sempre se aprende algo quando nos entregamos e permitimos amar. No final das contas, fiz um favor para o meu coração. Aprendi a respirar, me dedicar e novamente me apaixonar. Neste momento com o bloquinho nas mãos, eu pude perceber que o melhor que podemos fazer por nós mesmos quando um amor vai embora, é encontrar outro amor: dentro de nós.

Quando um amor acaba, outro começa – quando falamos do amor próprio.