A gente rega nossos sentimentos como nossas plantas, as vezes deixamos de regar, as vezes regamos demais, colocamos adubos que fazem nossas plantas crescerem e às vezes erramos também o tipo de adubo para cada uma.

Já li por ai que “nós somos tipo plantas, mas com sentimentos mais complicados“. Eu leio como complexos, na definição da palavra que exige mais interpretações, que é mais aberto à diversificação, que pode mudar também.

O amor é um dos sentimentos mais falados na filosofia, temos milhões de teorias, reflexões e comparações a fim de explicar o que é amor.

E antes que eu caia no clichê de “amor não se explica“, vou mostrar que na verdade ele é muito mais sobre como a gente o constrói, muito mais como um percurso do que apenas algo que seja inexplicável e que um dia pode acabar “do nada”.

O amor romântico. Sim, esse que aprendemos desde sempre, aquele que nos falam que é o amor a ser procurado, que só somos felizes quando achamos nossa “metade da laranja“, do príncipe e da princesa, ele é uma construção mais para nos controlar do que realmente nos fazer sentir.

A gente sente amor de diferentes formas, por diferentes pessoas, animais, objetos, ao longo da vida. O que diferencia é como nós alimentamos cada um deles.

Por exemplo, a gente pode amar demais o nosso parceiro ou parceira, se casar, ter filhos e seguir o “roteiro”. Isso seria o exemplo para o mundo, isso quer dizer que seja o “amor perfeito”? Todo mundo ama da mesma forma e quer construir o seu amor na base desta narrativa? Não.

Mas precisamos aprender mais sobre amar também além dessas regras.

Logo, a gente tem inúmeras formas de amar, umas que realmente fazem com que o amor se mantenha vivo, evoluindo, adquirindo novas faces ou sensações e outras que faz o amor minguar, se enquadrar, acabar, estagnar.

Colocar o amor em outra pessoa como a única forma de ver vida na sua vida pode ser muito bonito para o amor romântico, mas na realidade é uma forma de dependência emocional, que muitas vezes suga o afeto orgânico, transformando tudo numa obrigação.

Algumas pessoas colocam o amor na base do ciúmes vestido de proteção, quem ama cuida” nunca foi tão distorcido quando alguém fala isso querendo tomar posse da outra pessoa e de sua vida, dizendo que é assim que se faz quando se ama.

Precisamos falar sobre individualidades.

Alimentar o seu amor com pequenas migalhas do dia-a-dia, aquela sobra do que pode restar de alguém, faz com que você se apequene. Sabe? Se basear em curtidas e corações na internet, uma palavra de carinho aqui outra daqui há um mês. Isso te alimenta?

E o amor que é regado por idealização? Bom, é como se estivéssemos colocando uma água que existe somente na nossa imaginação. A pessoa não é nada daquilo que você idealiza dela, pode até te mostrar que ela não é assim, mas você continua achando que é a melhor forma de ter a imagem dela ao seu lado, ver a realidade pode machucar, mas é mais que preciso.

Agora, o amor que é alimentado da forma certa para você é aquele que fortalece conexões, que facilita o diálogo, que murcha quando não tem muito sol e te mostra quando está neste estado, ou que seca quando está muito sobrecarregado e também está ali te comunicando isso.

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A gente vai acertando as medidas, e quanto mais o amor cresce, mais a raiz finca, novos galhos, folhas e frutos vão surgindo. Você começa a conseguir distinguir as estações e equilibrar o quanto você coloca para que ele continue vingando. E se uma hora acaba, como tudo que é vivo, novos ciclos chegam.

Não tem regra, tem convívio, tem troca, tem conexão.

E isso tudo serve também para o nosso amor próprio.

Aliás, você já percebeu que a natureza só funciona certinho se cada parte do ciclo está bem? 🙂