Se você leu o meu último texto aqui então já sabe que estamos numa jornada para trabalhar um novo conceito de masculino e para fazer dessa uma vida mais leve e harmoniosa. Para isso, desta vez, vamos conversar um pouco sobre a agressividade masculina. 

Desde pequenos estamos expostos a vários exemplos de “homem machão”, seja nos adultos a nossa volta, com outras crianças com as quais convivemos ou nas mídias e entretenimentos que consumimos. E a imagem que nos é passada e que somos condicionados a almejar é aquela do cara forte, que não leva desaforo pra casa, que tem o medo e respeito dos outros homens e é desejado e servido pelas mulheres; tudo isso lhe é devido pela sua maior capacidade de violência, como espólios de guerra.

Isso gera meninos que reprimem todos os sentimentos que possam transmitir maior sensibilidade e que expõe principalmente a sua agressividade, principalmente para garotos pretos que aprendem desde cedo que a sociedade os enxerga como animais violentos, de forma altamente desumanizada. E essa agressividade costuma ser recompensada e encorajada, como uma característica importante e desejada.

A partir daí temos homens que buscam conflitos constantemente como oportunidades de autoafirmação, o que causa inúmeros males à humanidade, tanto às vítimas desse comportamento, com todos os casos de violência doméstica e de ódio às diversidades humanas, quanto aos próprios homens que acabam vivendo sob essa pressão social e negam acesso à uma grande parte de si mesmos.

E, francamente, isso é uma grande baboseira.

Eu fui um menino que não se encaixava muito nessa imagem. Não era o padrão do machão que os outros meninos eram. Nunca gostei de futebol, não entendia nada de carros, ficava constrangido quando os outros garotos estavam exaltando suas conquistas afetivas, evitava conflitos, me interessava mais pelas artes do que pelos esportes e etc.

Junto ao fato de eu ser preto e de que eu sempre fui grande de tamanho perto dos meus amigos, me gerava um certo caos mental, me dava a ideia de que tinha alguma coisa errada por eu não ser o que esperavam que eu fosse e que de alguma forma eu precisava compensar isso com uma postura de rebelde e descoladão, de certa forma contribuindo com uma aura de agressividade que na verdade eu nunca tive, mas que me foi imposta. 

Me desconectar dessa imposição foi muito importante para mim e me deu a oportunidade de conhecer melhor o verdadeiro Hugo.  

É essencial para o nosso desenvolvimento como seres humanos repensar essa postura e acabar com essa agressividade e padrão de masculinidade tóxica pautada em uma construção absurda do ideal de ser homem.

Acessar nosso lado sensível sem nos importarmos com represálias sociais é extremamente libertador e nos permite desenvolver muito mais empatia pelas outras pessoas e por nós mesmos. Nos tira do papel de dominador e territorialista, que está constantemente competindo com os outros homens pelos poucos recursos à nossa disposição e pela prioridade de procriação. Em suma, nos torna mais humanos.

Então não se sinta obrigado a agir de uma forma que você não concorda para conseguir validação. 

Exercite essa liberdade. 

Compartilhe essa ideia com os outros homens do seu círculo social. Além de ajudar a construir um movimento transformador em direção à um mundo muito menos violento, você vai perceber que não está sozinho nos seus pensamentos.

Você tem alguma história sobre agressividade masculina para compartilhar com a gente? Então escreve aí nos comentários e vamos juntos continuar seguindo nessa caminhada!