19hs, eu de pijama, a casa com luz baixa e com cheiro de banho de bebê. A rotina do Levi transformou a nossa. Banho, tetê, som de chuva, colo e soninho.

Entre isso, dia desses, eu estava literalmente caindo de sono – até o tapete parecia um bom lugar pra cochilar. O meu colo era pra ele… e pra mim.

Levi mamava e agarrava minha camiseta, agora nessa fase em que segura com tanta força que arranca cabelo, colar, esgarça o sutiã.

Eu olhava fixamente pra aqueles furinhos nas mãos, lembrando de quando eram tão pequenas e fininhas. Fecho os olhos, respiro fundo meu sono.

Vejo que Levi começa a soltar a gola, vou me aproximando do ninho. Sem perder o ritmo, claro. Vou dançando, vamos dançando, toda mãe aprende inconscientemente o passinho. Eu quase dormindo (ou talvez dormindo msm, nem sei), ele com a cabeça encostada em meu peito e a boca no reflexo de sugar. Bocejo e sorrio, vai dar certo. Quando vou dar o bote pro ninho, ele agarra mais uma vez minha gola. Tá, Levi, mais um pouquinho.

Ficamos. Eu, nos ninando. Penso como ainda aguento seu corpo, que esquecemos de lavar roupa, o que Fabio está fazendo pra jantar.
Levi se mexe. Sinto o cheiro dele. Melhor cheiro. Não se vende, não se imagina. É dele. Esse cheirinho que me salva todo dia do mundo. Cheirinho que me desperta, encanta, hipnotiza, me adormece em pé. Opa! E quando percebo, estamos nós dois nos olhando. Então…

Levi pisca fundo, profundo. Respira, joga o peso do seu corpo no meu. Se lança sem medo, confia. Me quer por perto, não se segura. E a gente se despede. Um até logo, até breve. Todo dia, o sono é essa despedida.

Despedida do colo, do peito, do cheiro, do nosso ninho. Todo dia nos despedimos de quem somos hoje. Levi se entrega e me pede o mesmo. Essa entrega é como um cochilo pra alma. Alivia.

Lá se vão algumas lágrimas de saudade antecipada de como ele é hoje, misturadas com outras de puro cansaço. Me entrego. Deito na minha cama, sinto cheiro dele em mim ou o meu cheiro que também é dele.
É o cheiro do meu filho que me faz sonhar acordada.