Leia esse texto até o final se o desejo de ser impossível estiver te consumindo.

Eu sou mais uma mulher em recuperação da sociedade do desempenho.

Talvez você também seja, então nós temos muito o que conversar nesse texto.

Quando me diziam “faça o seu possível”, me dava até um arrepio na alma. Eu queria viver de impossível a impossível. Isso era impossível? talvez não, mas tinha um preço muito alto.

Para um pouquinho e observa aí.

“O que ser possível desperta em você?” “como chega pra você?”

Hoje eu quero te lembrar de que o possível é suficiente. Quero te desafiar a ser possível – e que isso pode ser simples.

Mas antes disso…

Talvez você nunca tenha lido o significado da palavra “possível”. Eu mesma não tinha. Confesso que soou muito melhor do que eu pensava.  E É :

  1. que preenche as condições necessárias para ser, existir ou realizar-se; que pode ser verdadeiro; Lindo né? E a busca incessante por alto desempenho, produtividade e o melhor a qualquer custo, não me deixava ver assim. Ser possível, chegava pra mim, como ser medíocre.

Hoje, eu sei que ser possível, é um caminho de leveza e humano.

Mas como eu disse, eu sou mais uma pessoa em recuperação da sociedade do desempenho.

A sociedade do alto desempenho e da produtividade prega que, quanto mais você se doa, quanto mais você “trabalha enquanto eles dormem”, mais rápido você chegará “lá”. Óbvio, antes de todo mundo.

A gente fica tão maravilhado com a ideia de alcançar mais depressa a felicidade plena que vai logo assinando os termos de acordo sem ler tudo o que está imposto nele. Mas a verdade é que nesse contrato, e  em letras minúsculas,  está escrito que isso te custará sua saúde mental, física, emocional… a sua vida. E em letras ainda mais pequenas está declarado que nada disso existe. O seu valor quanto ser humano não está ligado a uma ideia imaginária de sucesso.

Vamos pensar que existem dois caminhos: o possível e o impossível. Por diversas razões sociais, políticas, etc, fomos convencidos de que o caminho impossível era possível.

Por muito tempo achei que precisava me entregar mais, fazer mais, ou melhor, além. Mas no fim das contas, até o  “além” não  era suficiente. Nunca. E isso não era para buscar algo maior, mas para ser melhor. E, quando desejamos ser melhores, sem um valor maior, não há o que sustente nosso fôlego.

A corrida é vazia. A corrida não tem alma. A corrida é atropelada. A corrida não era minha. E será que a corrida que tem te feito tropeçar seus próprios sonhos é realmente sua?

Entendi que essa era uma reviravolta que eu precisava passar. Não iria vender minha saúde, não iria vender minha alma. Pelo contrário, queria me apropriar e me respeitar cada vez. Mas ainda assim algo dentro de mim vivia como uma bomba relógio… uma panela de pressão interna pronta para explodir: ainda não estava completamente convencida de que ser eu mesma era o suficiente.

Mesmo trabalhando em uma área que eu gostava, com a qual eu me identificava e tendo um discurso pronto de que a saúde mental era importante, eu ainda queria viver pelo caminho do impossível e o preço poderia vender tudo o que tinha em mim.

Nos últimos 5 anos eu refleti muito sobre tudo isso e, quando pensei que já tinha passado dessa fase, me tornei mãe. Então, o possível ganhou palco.

O possível era o necessário.

Meu filho me fez o convite de enxergar que meu caminhar, no meu ritmo, com a minha entrega, era suficiente. Ter o meu possível era tudo que ele e eu precisávamos. Nesse momento, compreendi que eu poderia ser inútil em algumas coisas e incrivelmente boa em outras. Me livrei da capa de super-qualquer-coisa. Nessa hora, enxerguei a potência que existe em fazer um pouco do que é possível, para mim, diariamente: lembram da teoria dos 5 minutinhos? nasceu aí.

E foi assim que toda aquela sedução pelo lado impossível fez as pazes com o meu lado possível. E Hoje, os dois conversam, trocam ideias e escolhem a hora de cada um meter o louco.

É o possível que me carrega. É o impossível que quer voar. E ambos se precisam.

É o meu possível de todo dia que alcança o impossível.

É o impossível que sustenta a sede de entregar o meu possível todos os dias.

No mais e no geral, deixo o impossível para me entreter com livros e filmes.

Hoje, o possível é um lugar onde encontro colo, afeto, humanidade e respeito.

O possível é o caminho, não a chegada.

O possível é o verdadeiro.

O possível é que preenche as condições necessárias e sustentáveis para ser.

Para existir e também realizar.

Por isso, hoje, eu desejo que você não faça o impossível.

De possível em possível, eu acredito que vamos longe.

Topa ser possível?