Desde que nascemos isso acontece. Alguém sonhou com você e inconscientemente pensou que você poderia ser isso ou aquilo, fazer assim ou assado (com muito amor). O tempo passa continua, mas pior. Continuam dizendo o que você deveria ser, fazer, vestir, pensar, querer, escolher, só que com cada vez menos amor.. ou nada. Nem um pingo.

Quando estamos na adolescência é tão difícil vermos isso. Chega a doer. Ficamos perdidos em qual caminho devemos seguir, pois tudo irá nos definir e nos representar de certa forma e em algum nível. Passamos dessa fase, ou melhor, sobrevivemos. A vida continua só que mais corrida, acelerada e confusa, mas a gente finge que tem tudo sob controle e que nada daquele vendaval vai voltar e nos tirar dos eixos. O vendaval volta, nos tira dos eixos e é hora de repensar: O que eu fiz com aquilo que disseram que eu sou? eu continuei sendo eu mesma? Nessa época da vida, tempo é dinheiro, parece um luxo pensar em gastar tempo consigo mesmo – mas é necessário. Não é gastar, é investir.

É um choque dos bons quando a gente para pra pensar nisso. Dói. Dói admitir e assumir o quanto muitas vezes nos diminuímos, reprimimos sonhos, escondemos medos e não somos 100% de nós, por conta de julgamentos ou a imposição. No primeiro caso, a gente percebe bem mais rápido. É mais fácil de nos lembrarmos qual foi o momento da vida que disseram, leram, falaram ou mostraram algo que optamos por nos podar ao invés de seguir como achávamos melhor. No segundo caso, a imposição, é muito pior. Na maioria dos casos isso acontece por meio de revistas, fotos, redes sociais, padrões estéticos, “cases de sucesso” e caminhos que nos vendem como sendo a única forma de encontrarmos a felicidade.

A boa notícia é que sempre há tempo de dar meia volta para correr em direção a nós mesmos.

Nunca é tarde para mergulharmos em nós e refletirmos em tudo isso. Nunca é tarde para nos perdermos um pouquinho em nós para nos encontrarmos no final.

Agora é hora de se agarrar ao que foi bom, aprender com o não tão bom, recolher o que jogamos fora e era parte importante de nós, acreditarmos naquele sonho que ficou de lado e não desistirmos de ser quem somos.

Todo dia. Todo dia mesmo.