Às vezes acordar e lidar com a gente mesmo é um saco. Você olha no espelho e não vê exatamente o que queria, não sabe se permanece no seu trabalho e acreditar que é capaz do que quiser, é uma missão impossível. Tem dias que caminhar até a porta de casa é um peso danado. São cobranças, culpas e sentimentos indecifráveis amarrados no calcanhar. Cada passada dos pés é um desafio. Desculpe, mas tem dia que é assim.

O que importa, em dias assim, é conseguir a proeza de terminar o dia vivo. Sentimos pouco, nos arrastamos e conseguimos de alguma maneira fazer com que tudo ocorra sem mais surpresas do que a de lidar com a gente mesmo. A gente já sabe que o mundo não tem nada com isso, que ninguém pode fazer nada e que resmungar, não vai adiantar nada. Nada. O silêncio torna- se a melhor companhia.

Em dias assim, apesar de ser um saco, nos vemos mais humanos do que em qualquer outro dia do ano. Notamos o início de uma dor de cabeça aqui, dor de estômago ali, só para realmente constar: somos de carne e osso. De certa forma, a vida é toda interligada em sí. Quando não estamos bem em nossas profundezas, sentimos em totalidade: a mente pesa e o corpo se torna uma caçamba dos entulhos que decidimos acumular – ou não.

Dia desses, acordei assim. Ninguém soube. Meu silêncio foi grande e nada poderia mudar o que eu estava sentindo naquelas 24 horas, eu sabia. A única conclusão que tive é que dias assim são necessários. Nos repensamos, modelamos, sonhamos, desacreditamos para reacreditar com mais força, com mais alma. Por isso, não me desculpe. Faz parte.

Afinal, justo a cada um coube ser quem é. Por mais que em alguns dias seja difícil e pesado se manter em pé, nunca deixe de ser inteiramente você. Mesmo que seja um saco: é melhor ser inteiro do que qualquer outra coisa.

Seja como for, mas seja, vá. A vida também irá continuar.