Achava engraçado ver em meu Instagram a quantidade de pessoas que havia transformado suas salas-de-estar em pequenas florestas. É claro que me parecia linda a ideia de uma sala decorada com plantas, mas julgava que não era bem para mim.

E foi então que o meu primeiro vaso de planta chegou em casa.

Confesso que inicialmente pensei nela apenas como uma decoração para dar mais vida à minha sala. Mas, refletindo, vejo que sua importância vai além. Minha planta me ensinou a importância do cultivo.

Eu não tenho paciência, isso é um fato. Ainda que entenda a importância de respeitar o tempo das coisas, vira e mexe me pego querendo acelerar o relógio a fim de chegar logo nos resultados que almejo.

Pensei que um ano tão conturbado quanto 2020 seria eficiente em me ensinar a arte da paciência. Afinal, quer espera maior do que aquela que todos estamos vivenciando pela tão famigerada vacina?

Mas a verdade é que, nesses meses que parecem um vídeo em looping com edição ruim, parece que ter paciência tornou-se ainda mais difícil. Realmente achei que esse seria mais um dom que, ainda que desejasse ter, simplesmente não me foi dado.

E foi com a minha planta, posicionada ao lado do sofá e um pouco atrás de um quadro que eu mesma fiz, que eu aprendi a entender que a paciência deve ser cultivada.

Todos os dias, coloco o dedo na terra do vaso para verificar se ela precisa de água. Aprendi que se meu dedo estiver úmido, posso esperar mais um pouco antes de regá-la.

Um dia, ao repetir o processo, percebi que um de seus pequenos galhos começara a brotar, e uma pequena folhinha aparecia. Eu não havia recebido sinais de que aquilo iria acontecer. Ainda que eu olhasse diariamente para a minha planta, não era capaz de ver os processos internos pelos quais ela passava.

No dia seguinte, duas novas folhas apareceram. Comecei a pensar que ela iria brotar imensamente, mas uma semana se passou até que uma nova folha aparecesse. Foi uma semana de ansiedade, acreditando que eu havia feito algo de errado.

E foi então que entendi porque dizem que “alguns frutos demoram mais do que outros para amadurecer”.

A minha planta tem paciência de esperar seus processos de desenvolvimento. Ela sabe exatamente o que precisa absorver e o que se faz necessário para a sua evolução.

A minha planta não se importa que eu julgue seu processo lento ou rápido. Ela segue o seu ritmo. Ela respeita o seu tempo.

Pode ser que haja outra planta semelhante a ela em outra casa que esteja brotando mais rápido. Mas no que saber disso ajudaria a minha planta? O processo dessa outra planta não é o dela porque elas não são a mesma planta.

E quando, enfim, suas folhas brotarem, serão pelo resultado da dedicação que a minha planta teve, do esforço em focar em seu processo e trabalhar para o seu próprio desenvolvimento.

E se acaso ela tiver que deixar algumas folhas secas irem embora para que a vida se renove, assim o fará.

Todos os dias agradeço à minha planta por me ensinar a importância de deixar-me cultivar.