Às vezes me reparo refletindo nas primeiras vezes que eu fiz, vivenciei, provei algo. Tudo mesmo, desde andar de bicicleta até a primeira vez que eu provei cupuaçu no nordeste.

As primeiras vezes são sublimes na minha opinião. Sublime no sentido de grandioso mesmo, afinal, nem todas as primeiras vezes de algo pode ser necessariamente bom. Porém, não deixam de ser grandiosas dentro de nós.

Depois de vivermos algo e depois nos acostumarmos com aquilo a coisa muda, se reinventa a todo momento ou acaba ficando ali na primeira vez mesmo. São pequenas coisas que a gente vai experienciando pela vida e outras mais impactantes que podem mudar o curso de muita coisa, e acho que aí que mora o sublime da primeira vez – como primeiras vezes podem mudar tudo, como escolhas podem levar a gente a viver coisas novas.

Falando de primeiras vezes boas, porque as ruins a gente sabe muito bem, pra mim elas são como aquela primeira faísca da vela de aniversário que todo mundo toma um susto quando acende e todo mundo começa a cantar parabéns. É como sentir o que seria o seu melhor dia condensado em frações de segundos. É como ouvir a introdução da sua música favorita e ter vontade de sair dançando ou cantando a plenos pulmões onde estiver. É como a sensação de acordar depois de um sonho bom.

Muitos me perguntam se é possível se apaixonar à primeira vista, por exemplo. Acredito que existem primeiras vezes que são tão grandiosas, tão inesquecíveis, que a paixão junto com os hormônios doidos já da conta do recado e te fala: É fia, se apaixonou.

Diferente do que é falado no amor romântico e coisas de tampas de panela, entendo que quando você vive primeiras vezes com uma nova pessoa é tudo isso: o racional e o emocional colados explodindo de faíscas, e a gente que lute (ou não) pra entender onde vai o que.

Primeiras vezes são inícios de ciclos bons ou ruins. Os bons se aperfeiçoam ou acabam rápido. Os ruins podem se ressignificar ou ficarem abertos mais tempo do que deveriam.

E para me manter neste movimento contínuo gosto sempre de pensar o que eu poderia fazer pela primeira vez.

É o começo dentro de meios e pontos finais.