Acho que todo mundo já ouviu, já acreditou, já replicou, já viveu a seguinte frase quando você está num relacionamento: “Nós dois somos como um”.

Essa frase que traduz o sentimento de estar tão em sincronia com quem você ama, quando vocês praticamente parecem ser uma pessoa só, é bonito e com o tempo, com a convivência a gente vai realmente pegando os trejeitos, dependendo até o armário começa a ser o mesmo e a forma de rir fica igual.

Esta é a parte gostosa, mas como sempre estamos aqui para mostrar o outro lado, afinal, equilíbrio é algo incrível, né?

Se não nos autoconhecemos bem, se nos deixamos nos influenciar por tudo o que a pessoa que está com a gente fala que é bom ou o que é ruim, onde ir ou onde ficar, o que fazer ou o que não fazer, o que sentir ou o que não sentir, nós vamos perdendo a nossa individualidade e identidade.

Somos indivíduos inteiros com sentimentos, objetivos, sonhos, traumas, histórias que só a nossa vida nos concedeu. Quando paramos de olhar para nós como indivíduos que somos e apenas para a vida com a/o sua/seu parceira/ parceiro, vamos nos esquecendo, quase que automaticamente.

Por exemplo, se vocês moram juntos, você tem um lugar na casa que você pode ficar sozinha ou sozinho por um tempo? Seja para trabalhar, para ler, para estudar, para meditar ou só ficar mexendo no celular? E mais que isso, a pessoa com quem você vive, entende que aquele lugar, aquele momento é apenas seu?

Você se sente a vontade para falar que hoje vai sair apenas com as suas amigas ou amigos, pois é o momento que você quer para ficar de boa conversando? Você se sente mal se ouvir isso da pessoa que está contigo?

Você sabe falar exatamente hoje quais são suas vontades? Sabe julgar o que é certo ou errado dentro da sua visão de mundo? Sabe criar sua opinião sobre diversos temas sem pensar antes no que a outra pessoa vai achar?

Entender nossas individualidades e a de quem a gente ama é uma questão de respeito e de querer que você e a pessoa sejam exatamente o que são, com quem queiram estar, na hora e no espaço que desejarem.

Nascemos como indivíduos livres e em sociedade aprendemos que muitas vezes precisamos nos adaptar dentro de relacionamentos, sendo que na realidade é tudo uma questão de ser responsável pelo afeto que você compartilha com quem você escolhe estar, e assim sempre chegarem em soluções, caminhos para seguir de acordo com argumentos e vontades dos dois… o famoso: consenso.

Amar a sua individualidade e a de quem você se relaciona não é egoísmo, é entender que por mais juntos que convivam, por mais que se deem muito bem em muitos aspectos, a outra pessoa e você são pessoas diferentes.

Respeitar a individualidade é assistir as mudanças, entendê-las e se estiver de acordo com o que cabe para ti: aplaudir, apreciar, vivenciar o novo.

É abraçar o que você tem hoje: sem ansiedade e nem nostalgia.

É saber que você ama a pessoa exatamente como ela é hoje, não a pessoa de ontem e nem a do futuro, a de hoje. E mais que isso, que ambos escolheram estar juntos hoje e não porque são uma unidade inseparável.