Quando foi que a gente se perdeu a ponto de ter a comida como a nossa inimiga?

Nesta compulsão fitness, corpos “perfeitos”, uma distorção tão grande do que é se nutrir e como levar uma vida saudável, para onde foi a nossa humanização?

O que nos vendem: saúde

O que é realidade: estética e padronização

Nos vendem porque precisamos que estejamos insatisfeitos com o nosso corpo, mesmo que os seus exames estejam equilibrados, mesmo até que você esteja se exercitando. Se você não está no padrão, a sua alimentação está errada, logo eles venderão melhor as “soluções mágicas”.

E se não bastasse a demonização da comida, temos os exercícios físicos como punição. Logo, se comeu, tem que pagar. E daí surgem tantas outras expressões como “dia do lixo”, “pé na jaca”, “jaquei”, “pequei”. Pessoas que vão ao seu limite em atividades físicas até se lesionarem.

A pressão estética nos conduz a este caminho, a mídia, a medicina desumanizada, as marcas, os moldes…. tudo. E você ainda está pensando nos chocolates que comeu na Páscoa lendo este texto, eu sei.

Eai que surgem as compulsões e distúrbios alimentares. As dietas restritivas, inclusive, têm sido comprovadamente a origem de más alimentações, psicológicos destruídos e amores próprios indo para o ralo.

Nós precisamos viver de dieta? Ou nós podemos achar o equilíbrio na nossa alimentação, comendo sim o que tem vontade, comendo nas horas que sua fome aparece, comendo para se nutrir, comendo para você e não para os outros.

Um dia comeu uma pizza, no outro salada. Um dia tomou refrigerante, no outro suco natural sem açúcar. Não há regra, há o seu corpo, a sua mente e a sua vivência. Saúde não é apenas física, é física e mental.

Assim como pessoas que têm problemas de saúde também não devem ser demonizadas, todos temos direito a bons atendimentos, tratamento igual na sociedade e sem julgamento.

Por trás do rótulo da saúde existem histórias e vivências.

Uma vertente muito bacana do nutricionismo que vem ganhando visibilidade, exatamente pelos fatos ali de cima, é a nutrição comportalmental.

Vamos entender um pouco mais sobre:

É uma abordagem científica e recente que tem como objetivo tornar a atuação do nutricionista mais globalizante e empática para com o paciente. Além disso, inclui aspectos fisiológicos, sociais, culturais e emocionais da alimentação e promove mudanças no relacionamento do nutricionista com seu paciente e na comunicação da mídia e da indústriacom seus consumidores.

Nutrição Comportamental surgiu em contraposição à abordagem apenas biológica da Nutrição, em que o nutricionista tem um papel de “policiamento” de opções alimentares, ou seja, determinando o que deve ou não ser ingerido.

Dentre as características da Nutrição Comportamental, destacam-se:

– ser inclusiva, na qual qualquer profissional pode encontrar novidades para a prática da nutrição;
ampliar o modo de atuação do nutricionista, a partir da utilização de técnicas com base na vivência, extrapolando as barreiras da graduação e do meio acadêmico;
– reconhecer e respeitar o espaço de cada alimento em uma alimentação saudável, tendo como base a frequência, a quantidade e a contextualização do indivíduo, de forma a orientá-lo corretamente, contemplando aspectos culturais, emocionais, fisiológicos e sociais da alimentação;
– levar em consideração aspectos biopsicossociais, defendendo uma orientação que não se baseia em uma “dieta pronta”, ressaltando a importância de comportamentos saudáveis e da saúde, não apenas do peso, ou seja, compreendendo que pessoas de todos os tamanhos podem ser saudáveis.

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A sociedade está entendendo que muitos caminhos estão errados e aos poucos está mudando e trazendo novas percepções que podem impactar positivamente as pessoas. Finalmente 🙂

Afinal, não somos números.

Ps: não tenha medo e nem vergonha de comer em público. (inspiração @junovecchi)