Silêncio é uma arte, um mergulho, um… alívio?

Neste mundo tagarela e com zilhões de informações por segundo e compartilhamentos a todo vapor, sim, ele é como um suspiro. A gente tem o costume de pensar que o silêncio é inconveniente, precisa ser banido e que devemos falar e preencher o vazio sonoro com alguma opinião ou falar do clima no elevador. Mas, não. Ás vezes não falar, é melhor, bem melhor. Ás vezes, simplesmente, ninguém precisa ouvir nossa opinião e, nem por isso, significa que não a temos e somos menos. O silêncio incomoda, mas  com a maturidade ele dá sentido. É preciso delicadeza para saber a hora de se manter neste estado ou podá-lo.

O silêncio é sábio. É para quem tem convicção.

No amor o silêncio é agridoce. Diria que quase um fator determinante. O silêncio da falta de interesse, com pitada desprezo ou jogo para ver quem se importa menos é tortura. É o sinal. Dói. Porém entrega quem merece o valor de estar na vida ao nosso lado. O silêncio é simples.

Por outro lado, a gente costuma não perceber o valor do silêncio até encontrar alguém que o faz ser deliciosamente incrível. Não é sempre, não há de que se preocupar e é totalmente necessário. Senta- se no sofá e pode se viajar para outro planeta sozinho e, sim, ser amor. O amor que não precisa ser apenas eufórico e que lê o silêncio do olhar de que é necessário um tempo para parar, é também um sinal. Silêncio no amor e na amizade é como uma visita sincera. Aquela que você não precisa de cena e oferecer um biscoito toda hora para ficar: se é o que se é inteiramente. É sincero, é jogo limpo. Há parceria e respeito. O amor gosta, se sente em casa, terra fértil e floresce.

O silêncio pessoal é como uma oração. Livre de religião e carregada de coração. Uma prece que não clama a todo custo por respostas. É pura e repleta de frases sem conexão. No silêncio não se tem rodeios: é o que sentimos puramente, ali, escancarado e com o peito aberto. O silêncio é quase uma enciclopédia da alma. Lugar em que nos descobrimos, sintonizamos, escutamos e entregamos o que somos. O silêncio é um cúmplice e dos melhores. Pode- se admitir erros, se gabar um pouco dos acertos, pensar em tudo sem concluir muita coisa e nada irá interromper.

O silêncio nos molda. Como seres mais conformados de que a vida tem o seu ritmo, tempo e valor. Manso e vagaroso, respiramos o ar mais devagar e por minutos a vida é como é.

O silêncio confirma, repensa, corrige, recalcula, faz, não faz ou refaz. É verdadeiro e direto: o silêncio grita o que o coração tenta nos dizer cochichando o dia inteiro e, a tagarelice do mundo e a de nós mesmos, não deixa ouvir.

E eu, se fosse você, ouviria o que o seu coração tem a dizer. Sem usar palavras complicadas: O silêncio faz arte – e precisa fazer parte.