Me comunicar de alguma forma sempre esteve no sangue. A vontade de falar, ouvir, aprender, rir e conhecer pessoas diferentes. Mas é no final da tarde que esse meu ímpeto dá uma leve sossegada. Todo início da noite eu fico mais calada, quieta, na minha. Penso na vida, em quem amo, no dia. Vejo o que posso melhorar ou deixar rolar.

Existem dois meses do ano em que a coisa aflora: dezembro e maio. Não que eu goste de datas para me renovar e muito menos que eu acredite nelas, mas é um símbolo. A vida continuará a mesma no dia seguinte do ano novo ou do meu aniversário, mas eu posso estar diferente – ou não também e tá tudo bem.

Em dezembro e maio, ele, aqui, já sabe. É 24 horas final de tarde na minha alma. Fico mais quieta, mais excluída, mais em silêncio, mais na escuta e na observação. Analiso meu coração e os pequenos-grandes-sonhos. As pessoas que tenho comigo ou as que devo deixar ir, quem é verdadeiro ou quem é morno. É em maio que eu sei o que faz meu coração bater mais forte. Em maio que sinto o medo do tempo acelerado versus os meus planos. É em maio que a ideia de quando eu tinha 6 anos de idade, de salvar o mundo, renasce. Maio eu perco o chão e me sinto terrível, pelo fato de me esforçar tanto por anos para manter o equilíbrio na corda bamba da vida. Maio tá aí pra me mostrar que, se perder, também e se equilibrar.

Cada ano que passa eu me sinto mais comigo, por isso acredito do valor desse tal de maio. Antes eu não queria ouvir os meus monstros internos, hoje eu sei que é necessário marcar um café com eles. Antes eu sentia dificuldade de ver alguém partir, hoje eu sei que faz parte e aceno. Antes eu teria mais ambição de dar a volta ao mundo, hoje eu sei que me conhecer é o maior favor que faço para minha suposta melhor versão. Dizem por aí que maio renova. Eu não sei bem de onde saiu essa história, mas por aqui, nos meus quase 25 maios vividos, posso dizer que sim. Ou ao menos é um início de algo maio(r).

É nos 31 dias de maio, que acontece o meu 31 de dezembro. Ele, aqui, sabe, não me espera e me deixa comigo: eu me aguento. Todo mundo tem dias em que precisa aquietar. Estes são os meus fixos e oficiais do ano. E mesmo assim, arranjo um jeitinho de vir aqui falar. Geminiano com ascendente em capricórnio e vênus em câncer é mesmo uma coisa, né? ô combinação!