Mãe é mãe“, como se fosse um pacote já pronto, com esteriótipos e o que se espera de mães.

Mãe que não pode amamentar, “fez alguma coisa errada“.

Mãe que sai para trabalhar e o pai que fica em casa cuidando, “depois não vai reclamar se o filho for educado errado“.

Mãe que larga tudo para cuidar dos filhos por escolha, “que perda de vida, podia ser tanta coisa“.

Mãe que precisa cobrar a pensão que está 2 meses atrasada, “ela quer dinheiro para sair no fim de semana com o namorado novo“.

Mãe que vive a sua vida social, que escolhe ter seus momentos, “nossa, você nem tem cara de mãe, com quem está seu/sua filho/a?“.

Mãe que escolhe não gerar e sim adotar, “ah, mas você não sabe a história do/da seu/sua filho/a”, “mas você não tem vontade de sentir e viver a gravidez?”.

Mães que juntas construíram uma família, “não existe ter duas mães, alguma tem que fazer o papel de pai, como a criança vai crescer sem um pai?

Mãe que está com a criança chorando em local público, “nossa, mas falta educação pra essa criança, que absurdo, se fosse em casa já apanharia“.

Mãe que faz escolhas para a vida da criança, “não acredito que a criança não vai comer carne, depois fica com anemia e vão reclamar”; “como assim a criança come com a mão e você não dá na boca? Que desleixo“.

Mãe que perdeu o bebê durante a gravidez, “também, gosta de ficar andando pra lá e pra cá, come qualquer coisa, continua trabalhando, isso que dá“.

Mãe que escolhe dar a guarda para o pai, “você abriu mão dos seus filhos, você é uma pessoa horrível“.

Mãe quando o filho faz algo errado e o pai está do lado, “cadê a mãe dessa criança?

Avós e tias que se tornam mães independente da circunstância, “você cuida, você dá amor, mas nunca vai ser a mãe dessa criança né?

Mulher que escolhe não ser mãe, “você nunca vai entender o sentido da vida se não for mãe, você é egoísta“.

Mulher que não pode engravidar, “coitada, a vida dela é infeliz, que tristeza, pior coisa que pode acontecer com uma mulher é não ser mãe“.

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A gente tá acostumado a chamar mães de heroínas, de guerreiras.

Se tiveram escolha ou não, se tiveram parceiros ou parceiras do seu lado dentro da parentalidade ou não. Se precisam desempenhar milhões de funções juntas por falta de rede de apoio, por falta de pessoas envolvidas na sua maternidade ou não. Nós as “elogiamos” assim.

Nós filhas e filhos, por vivenciarmos muitas dessas situações, choros, desesperos, angústias e batalhas diárias das nossas mães construímos essa imagem de super heroínas, muitos de nós inclusive replicamos isso quando nos tornamos mães ou pais.

Ou até mesmo acabamos tendo relações tóxicas com a maternidade, diálogos ruins entre mães e filhos, convivências tortas e desamor que muitas vezes podiam ser cessados pelo simples entendimento de que: Mulher não nasce sendo mãe.

Você já perguntou para a sua mãe como a vida dela seria se não tivesse você? É, isso pode deixá-la sem chão, chateada e até mesmo brava. Porque para muitas mulheres que se tornaram mães, não há outra perspectiva de vida.

Mães são mulheres e precisam ser reconhecidas como.

Mulheres podem ou não ser mães.

Que não esqueçamos.