Todos os dias podem ser simples, mas nem todo dia é fácil. Às vezes é difícil saber por onde começar. Vestir-se é um trabalho árduo, fazer café precisa de muito desempenho. Tem dias que a gente não aguenta com o peso da própria cabeça. Ou melhor, tem dias que nossa cabeça pesa 200kg, pra dizer o mínimo: fica impossível carregar. Em dias assim assim a gente tenta fingir que nada está acontecendo, mas se você já teve um dia desses, sabe que é dia em que não rola. Não flui. Ligar o computador para trabalhar parece um martírio. Não importa se o dia está com céu azul e sol. Poderia estar frio, chuva e até a neve que a maioria sonha em ver. Hoje não rola.
Em um dia desses, tomei meu café e meu coração por alguns instantes sorriu. Fiz o básico do básico para dar sinal de vida ao mundo e não procurei mais nada pra fazer. Olhei pro teto. Coloquei uma música. Li um texto. Pensei que fosse fome, comi uma fruta. Nada. Não ia rolar. Tentei escrever este texto, nada. Pensei em fazer exercícios, melhorou pouco, mas foi uma tentativa. Tomei banho. O perfume do sabonete me fez bem. Sentei no chão enrolada na toalha e perdi a hora de levantar. Não lembro do que pensei, nem sei se pensei, mas estava tudo bem. Coloquei uma calça confortável, sentei no chão e abracei meus cachorros. Eu não tinha do que reclamar, qualquer um diria. Mas, não é que as coisas não estavam boas, não é que eu estava infeliz. Só não rolava.
Por que a gente ainda acha que tem que estar em pleno vapor todo dia? Eu não sei. Por que a gente ainda não aceita que tem dia que é isso? Pronto. Mais fácil e não é o fim.

Amanhã a gente ajusta. Por hoje, um travesseiro macio salva, um filme me abraça, a mensagem de uma amiga conforta e uma boa comida me lembra de agradecer. Amanhã é outro dia. Amanhã o peso diminuí, pois hoje eu me permiti sentir e me fortaleci de mim.

Quero ver o que me espera amanhã.

Mais forte de hoje: ninguém me segura.