A Camila do Ideia Fora de Hora , fez uma entrevista bem legal comigo, falando de trabalho, a fotografia, blog e a vida. Compartilhei na fanpage do blog, mas resolvi printar tudo e copiar tudinho bonitinho como ela fez e trazer pra cá pra ficar registrado, pois sempre recebo mensagens perguntando sobre como sai da informática pra calhar na fotografia e como foi esse processo pra mim. Respondi tudo com muita sinceridade. Espero que gostem! Mas, depois de ler, visita o cantinho dela, hein? 🙂

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Você fotografa de tudo um pouco, a Lucy, momentos de decoração da casa (que está uma fofura), momentos distraidos, momentos de carinho e amor e além de ser o seu meio de trabalho. Como a fotografia entrou na sua vida? E de que forma decidiu que ela seria o seu trabalho? Porque?
Já vou avisando que sou do tipo matraca, mas, vamos lá! A fotografia apareceu de um jeito bem calado e mansinho, hehe. Meu pai sempre adorou fotografar, daqueles tipo “coreanos”. Ele tem um armário só com fotos minhas e dos meus dois irmãos, muitas e muitas fotos. Eu adorava fotografia, já tinha lido livros sobre Sebastião Salgado e Bresson, mas nunca tinha fotografado. Com 16 anos eu trabalhava em uma empresa de informática como especialista de sistemas, pagava meus cursos e me mantinha, estava ok. Mas, eu não era feliz. Não pelo trabalho, mas por mim mesma e só depois de passar por isso consegui descobrir isso. Mas, até então, chorava todo dia no banheiro do trabalho culpando aquilo, mas se eu fosse fotógrafa, também não estaria legal. Eu sempre me questionei demais e isso foi uma avalanche na hora de escolher “o que eu seria?”. E no primeiro semestre da faculdade de Rádio e TV tive aula de fotografia analógica e me apaixonei. Consegui juntar um dinheiro e comprei uma t1i. Fucei, fucei ela inteira, li tudo quanto é apostila da internet e tive um amigo que me apadrinhou e saia comigo para fotografar por aí. Depois fui fazendo autorretratos ligados ao teatro que eu cursava na época e publicava no Flickr. Muita gente perguntava se eu fazia ensaios e eu dizia que não. Até sai em uma revista sobre esses autorretratos. Nesse meio tempo conheci o Fábio, sempre muito racional e cauteloso, ele me dizia: você perde tempo, vai viver de fotografia. Me surpreendi com o tipo de comentário dele e comecei a pesar os dois lados, me lembrando sempre de uma frase de um professor que tive na escola: você tem que fazer o que você gosta, faz bem e que te pagariam pra fazer. E eu, me segurei e juntei o máximo que pude de dinheiro, montei um portifólio e me joguei no que eu sentia afinidade que são ensaios femininos e de moda, mas já fotografei eventos, shows, de tudo. Hoje, agradeço a informática pelo tempo que passei com ela, foi preciso e útil pra me conhecer. Cai de paraquedas na fotografia, mas só tenho a agradecer a ela, pois no fim, ela juntou todos os tipos de arte que eu sempre quis me envolver e me questionava se eu era normal por gostar de tudo aquilo e, foi aí que percebi que tem trabalho pra tudo quanto é louco no mundo. Por fim, no começo deste ano, descobri que me avô foi formado em fotografia em 1958 e tinha um laboratório em casa, loucura não?imageimage
Seu instagram é repleto de amor, pelas suas fotos é perceptível esse sentimento. Em que momento você sente que é hora de fotografar?
Fico muito feliz que isso de alguma maneira passe para as fotos, por que realmente é o que eu sinto, não teria outra palavra melhor e mais completa para explicar. Mas, fotografo naqueles momentos em que sorrio bobamente sozinha, seja por algo muito simples ou por algo ao meu redor da casa que me faça transbordar. Nem sempre consigo registrar tudo o que gostaria ou com a câmera para ter um pouco mais qualidade, alguns momentos são rápidos demais, mas guardo tudo com meus olhos com muita paixão.

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Agora, relacionado ao seu trabalho. Como foi o início de tudo? A dificuldade foi grande? Pensou em desistir?
Acho que já respondi ali no início como foi que tudo aconteceu. A dificuldade foi imensa. A fotografia foi um choque pra mim. É difícil ser freelancer, não é um mar de rosas. Eu sempre fui extremamente organizada e regrada com trabalho e no início surtei um pouquinho. Sempre fui muito controlada financeiramente, do tipo que faz planilhas então foi uma novidade não ter um dinheiro fixo, juntava tudo que ganhava com medo de nada vir no próximo mês. E depois me muito me observar, consegui me alinhar nesse novo estilo de vida e perfil de trabalho – encontrei um equilíbrio. Já pensei várias e várias vezes em desistir, mas também não tenho nenhum problema em pegar trabalhos esporádicos de informática, já fiz vários depois que larguei, afinal a ração da Lucy tá cara hahaha. O que me segurou na fotografia foi que sempre que eu pensava em desistir, vinha um trabalho que me tirava o fôlego, pagava minha conta de iptu (desculpe a sinceridade, mas isso é um fato) ou alguma parceria ou divulgação bacana. Freelancer é uma explosão de emoções e vai e vens diários, tive que manter muito jogo de cintura e segurar a auto estima. Tive não, tenho.

O que a fotografia representa para você hoje?
A fotografia sempre representou pra mim uma coisa: simplicidade. Me lembro dos meus primeiros testes com uma 50mm emprestada de um amigo e uma luz de abajur. Eu colocava uma caixinha de jóias da minha avó em primeiro plano e ia variando. Achava o máximo aquilo. Como eu podia controlar o que era belo e tinha significado pra mim por meio da luz e sombra ou simplesmente, podia desfocar. A fotografia me mostrou que a gente pode ver beleza no caos, no nada ou no que a gente quiser. Só basta querer e ter luz ou usar bem a ausência dela. A 3 anos atrás a fotografia seria pra mim uma profissão, um registro eternizado. Hoje, consegui me entender em um meio termo legal com ela, é meu estilo de vida. Vivo procurando ela em todos os cantos e todo dia, ela me faz me apaixonar ainda mais pela vida.

Se não fosse fotografa, seria…?
Se eu pudesse escolher qualquer coisa, independente de ser realmente boa, eu gostaria de ser escritora, mas mais mesmo atriz de teatro. Até tentei, fiz cursos e cursos, mas eu gostava de me envolver mesmo mais do que acontecia nos bastidores e fazia isso melhor também. Teatro é quase uma injeção de vida, eu amo amo amo.
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Como fotografa que conselho você daria para alguém que tem o sonho de seguir essa profissão?
Seja consciente. Sei que isso não soa um conselho romântico da profissão, mas é verdade. calcule, planeje, se alinhe bem. Muita gente me pergunta se é possível viver bem financeiramente e eu respondo “quanto é viver bem pra você?” isso é muito difícil dizer. Então, sonhe e trace suas metas – quanto quer ganhar, quanto precisará cobrar e o que você precisa estudar para ser um diferencial. Treine seu olhar para tudo. Não só o comum, o que é “bonito”, pra tudo mesmo. A fotografia pode mudar o dia de alguém, pode causa reflexão e fazer um bem danado pra auto estima das pessoas, e eu vejo isso, como uma responsabilidade e tanto nas mãos e nos olhos. Alguém te confiou esse trabalho de ser olhada e guardar uma lembrança de sí mesma pelo SEU olhar. Use muito bem, com tudo o que pode ter e aprendido dentro de sí.

Você mexe muito com a arte, se percebe pela decoração da casa. Esse elo com a arte vem de muito tempo ou começou agora? Como?
Desde pequena. Meus pais sempre me deixaram me envolver com tudo relacionado a arte. Eu fiz ballet por muito tempo, cursei teclado, violão, pintura em tela, teatro, desenho de moda – eu tinha muita energia e vontade, mas nunca pousei em nada. Como eu mesma coloquei na minha descrição do blog, sou uma cigana na arte. Acho que sempre precisei um pouco dela e nunca quis me preocupar como, só queria ter por perto de alguma forma. E, pra ajudar, meus pais sempre foram muito faça você mesmo, naturalmente. Passamos por muitas dificuldades financeiras e minha lição dessa fase foi que, a gente pode fazer tudo que quiser, com tanto que a gente queira e dê o nosso melhor. Hoje, sou grata por ter alguém como o Fabinho que também carrega consigo isso de se entregar para fazer uma coisa que quer: se a grana tá curta pra comprar móveis, sobrou madeira, vamos aprender a fazer. E tem sido uma união e tanto pra gente. É gostoso olhar pra cada canto da casa e ver significado e história. Só preciso me controlar com a quantidade de plantas, hehe.

A forma de se ver o seu elo com a arte é pelo blog. Além de vermos o seu dia a dia e mais um pouco. No Na nossa vida você compartilha de tudo um pouquinho. O porque de cria-lo? Como surgiu a idéia?
Foi do nada. Eu já perdi a conta de quantos blogs, fotologs, vlogs sei lá do que eu tive e era como ele, colocava de tudo um pouco moda, decoração, comidinhas e vida. No último, colocava apenas textos. Era libertador. Sempre gostei muito de escrever e ligar isso a fotografia, mas nunca pensei que alguém poderia gostar de ler e se identificar, quase não divulgava. Aí, eu estava em uma nova fase da vida, e o na nossa vida surgiu de uma conversa entre amigas na internet que diziam que eu “precisava compartilhar isso” e fui lá e fiz. E fui sentindo como as coisas iam. Me lembro do primeiro texto que coloquei nele e ainda pensei: poxa, mas texto? No fim, foi o que mais teve visualizações na época e continuei. Sempre gostei de falar de aprendizados e indiadas da vida e do amor, seja no bom dele ou na dor, precisava escrever, compartilhar e ter um feedback – senão eu seria só uma doida postando sozinha pra mim mesma, sem aqueles comentários que nos fazem aprender com eles também, sabe? E no caso, o feedback não era milhões de views, mas só uma mensagem de “puxa, mudou meu dia”. Acho que se o blog acabasse hoje, já me sentiria com o ‘dever cumprido’ só pelas mensagens que recebi de como alguma besteirinha nele fez bem pra alguém. E daí veio o blog: um blog simples de estilo de vida onde compartilho de tudo, pra todo mundo que quiser viver, aprender e ver poesia com essa vida maluca. Esse blog tem muitas madrinhas e padrinhos, pessoas que não me deixaram desistir de compartilhar o que penso e aprendo, sou muito grata! Acho que por isso não consigo deixar ele quietinho: tem muito coração batendo junto.
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