Eu sempre amei conhecer alguém diferente de mim. Porque a gente aprende a ver a vida de outra forma. E com muito amor junto com a vida, escolhi ele que tem uma santa paciência para aguentar minhas manias de organizar e de comer. Ele come de tudo, tudo mesmo, não é padrão de comparação. E até fala “Este pastel de carne parece que foi feito ontem… Garçom me vê outro ai” Mas não estava ruim? Vá entender. Já eu, sou cheia de querequexe. A comida tem que ser quente, com excessão de salada é claro. Não como carne, nem de soja, não rola. Mas amo pão e macarrão, puro, purinho ou só com manteiga ou requeijão. Ele é tão simples, tão simples que me constrange. Eu que sou a maria das botas e um pouquinho, só um pouquinho descontrolada quando vejo uma bota que eu não tenho. É, Fabinho, já estou tirando as botas para dormir, pelo menos.
sapatoEle só fala de música, áudio, reverb (que eu chamo de eco e ele fica doido), isolamento de som e uns negócios que parecem radinhos que são caros pra dedéu. Eu só faço e vejo coisa de velha, como ele gosta de falar “A Isa é a única abaixo dos 40 anos que lê essas revistas”, ah… ele tem razão, leio demais sobre vitaminas e bla bla bla. Mas, no fim ele me deixa ser velha, com meu suéterzinho podrinho e quentinho lendo meu livro quietinha. Ele não é dos que mais lê, mas é dos que sabe conversar sobre qualquer coisa com qualquer pessoa em qualquer lugar. Ok, ok um dia vou ter essa sua ousadia, “supertramp”. Ele fala que meu livro é confuso e que o adjunto sei lá das quantas não concorda com sei lá o que. Mas, não me importa, é clarice, drummonzinho e a turma velha inteira.
revistas livrosMe apaixonei quando ele começou a corrigir meus textos, fazer sopa de legumes e a me lembrar que horas começa Palmirinha na TV e eu, posso dizer que sei fazer hambúrguer, sem nem provar e não fazer ideia se fica bom. Prova de amor? Não. Se precisa de prova, não tem confiança, vamos combinar. É viver, ou melhor vai além de viver: é viver bem e no caso, acompanhado. Amar é sorrir com o riso do outro, ainda que o motivo seja diferente do seu.
As diferenças aproximam quando o espírito é leve, a alma e a mente são abertas e a alopração não acaba. Aí, parece que tudo funciona melhor. As diferenças nos tiram da zona de conforto e enriquece, nos faz crescer. Faz sermos “nós”. Nos faz abraçar o mundo do outro, porque é uma parte nossa, batendo fora. O avesso de nós mesmos. Tem que ter paciência, disposição. Mas, vem cá, o que não tem que ter? Amar é doar tempo e nós mesmos.

É tanta diferença que não acaba mais, mas com a cumplicidade até parece que somos um só. Vá entender.
Seguimos entendendo, aprendendo e juntando paciência, afinal ‘temos todo tempo do mundo’.