Comecei a assistir a temporada nova de Stranger Things. Minha primeira surpresa foi: como essas crianças cresceram! Sério, é de se admirar – até porque isso é sinal que, percebendo ou não, eu também envelheci nesse tempo, há! A segunda surpresa é como a série amadureceu em um nível assustador! A palavra é realmente essa. Cenas mais fortes e densas deram lugar para cenas inocentes, mas que ainda sustentam o ar alegre que aquela turma tem.

Confesso que eu sou do tipo cagona para filmes e séries de susto, mas continuei dando chance pela turma que me deixou com saudades nesse hiato entre as temporadas. Mas, gente, 1 hora e 20 minutos por episódio, tava pesando minhas pálpebras cansadas. Insisti. No episódio em que eu estava para desistir e deixar meu marido livre para assistir sem me esperar… aconteceu. O melhor episódio.

Não vou dar spoilers, prometo.

Mas, o drama começou a girar em torno de um problema, uma circunstância em que, alguns personagens estavam vivendo. Sabe quando você se enfia naquelas situações que te assombram e que você não sabe como sair? que você não vê escapatória e parece que quanto mais tenta fugir mais aquilo que persegue e te engole? então. Aquilo começou a me engolir junto e a vontade era entrar dentro da tela para ajudar.

Até que na beira do sofrimento dos personagens, uma frase os ajudou:
-a gente acredita em muitos estudos que indicam a música como auxiliadora para aquietar mentes perturbadas.

Na hora, aquela frase mexeu muito comigo. Claro. Estava sentada ao lado do meu marido que é músico, tenho dois irmãos que são músicos e eu cresci em uma casa com um rádio que vivia ligado com minha mãe ou minha avó cantarolando pra lá e pra cá. A música sempre esteve muito presente na minha vida. E eu fiz questão de manter essa chama viva.

Em um determinado momento, uma personagem tenta escapar daquele problema. Daquela circunstância em que a envolve, aflige e que dentro de sí ela até pensa que deve passar por isso. Mas, quando a sua música preferida toca, ela consegue ver luz. Literalmente. Sua mente consegue abrir um espaço para que ela veja com clareza o que está vivendo. Sua mente abre um caminho novo, uma ideia nova, uma esperança de dias melhores e céu azul. Sua mente a fortalece da sua própria história, das suas lembranças mais potentes e ela consegue forças para sair daquela assombração.

A música a transporta para o melhor que mora dentro dela mesma.

Essa cena me fez lembrar de tantas situações da vida em que uma música me salvou. Todas as vezes em que me sinto saudosa sobre minha família, eu canto um hino do cantor cristão que a minha vó sempre cantava. Mesmo não tendo religião, aquela música me transporta para os braços dela. Sempre que eu preciso de uma dose de liberdade em alguma situação eu canto uma música do Elton John que tocou em um filme que me impulsionou a mudar o rumo da minha carreira. Sempre que eu preciso sorrir sem fazer esforços, eu canto uma música dos Beatles que enche meu coração de esperança.

Eu poderia citar um infinidade de músicas para uma infinidade de sentimentos. Mas, eu só queria te provocar a começar a pensar na playlist da sua vida. Na música que toca dentro de você quando você mais precisa de uma dose de esperança. Pois vamos combinar, “são tempos difíceis para os sonhadores”. Mas, não podemos parar de sonhar. Não podemos parar agora de tentar.

Muitas vezes a circunstância não vai mudar. Nós quem precisamos mudar nossa fita de lado, nós quem precisamos trocar o disco riscado ou sintonizar nossa rádio em outra estação. A música pode nos conduzir. A música certa pode nos levar a pensar diferente ou a salvar um dia que começou cagado. Não para negar os dias tristes, mas para nos fazer lembrar de que não merecemos viver na tristeza e de que é nosso direito sermos felizes por completo e como somos.

Então, chega de ler esse texto e põe para escutar essa música que, eu sei, já começou a tocar mentalmente dentro de você enquanto seus olhos passeavam por essas palavras.

A trilha sonora da sua vida, é sua. Capriche.