Um coração engasgado.

É assim que me senti nos últimos dias. Misto de gratidão por estarmos bem e em casa, com boa dose de raiva das notícias e ondas de chateação.

Os últimos dias passaram em câmera lenta e dias assim vem junto com o desejo de que tudo passe mais rápido, pular logo o próximo mês e quem sabe toda essa pandemia já ter virado de página. Quem sabe?! Então.
Acredite, nem perca seu tempo. Já tentei com todas as forças pular este calendário, mas não dá. Já cogitei me ocupar (mais) e não muda, não preenche o peito.

O agora, aqui e agora, é o que é preciso engolir e digerir.

Toda minha energia nos últimos 3 dias estão pra me puxar para isso. Agora, aqui. Aqui, agora. É o que tenho, é o que temos. O som da risada de quem amo, o sabor do café da minha mãe, comprar uma planta com meu pai e os colos que eu quero que Levi conheça, vão esperar. As compras no mercado, passeio na praça e a torcida para que não seja preciso nada além do que está ao nosso limitado alcance pra resolver agora… ah! sim, o agora. “Aqui, agora” é o que com as mãos no peito eu repito para meu coração engasgado todas as vezes que essa enxurrada de pensamentos me tomam e eu me deixo afogar ao invés de boiar.

Eu não sei quais são os seus desejos, mas não importa. Eu não quero dar nenhuma lista do que você pode fazer ou dica de como preencher o seu tempo. Só o que eu quero te lembrar é que você não deve se sentir mal por estar com o coração engasgado em alguns momentos. Que tudo bem demorar para entender esse misto de sentimentos confusos, sem nome, sem endereço e sem data. “Seria uma grande tragédia não aprender nada com isso”, foi o que Fábio disse esses dias em que estávamos conversando.

É tudo novo pra todo mundo. Então, é preciso aprender tudo de novo.

Não é hora de controlar ou adivinhar, mas de me dispor olhar mais pra dentro pra zelar além de nós, valorizar ainda mais relações, não atropelar o agora, apreciar um dia por vez, sentir… eu disse que não tinha uma lista, mas essa lista de aprendizados e gratidão, talvez valha a pena que a gente se permita reaprender a viver pra sair dessa mais humanos.