Eu imaginava que o melhor momento da vida a dois, no quase – praticamente – casados, seria poder servir um jantar com os kits de pratos novos, lindos, sem riscos de garfos na maior dança da mesa linda repleta de toalinhas de crochê. Imaginei que o melhor quintal seria aquele forrado de grama verdinha e a mangueira enroladinha. Também pensei que passaria de fase no jogo da vida quando tivesse todos os móveis colocados e arrumados na sala, com um sofá neutro, um tapete colorindo o chão e que convidaria os amigos pra inaugurar quanto tudo estivesse assim, no seu lugar, sem pó, sem mais sinais de aventura. Mas, já estava tudo no seu lugar, faz tempo. Já estava tudo no lugar mesmo com terra por todo lado quando descobrimos que o esgoto da casa passava pelo meio da sala e tiveram que quebrar de fora a fora. Estava tudo certo mesmo quando o carro pifou e comprar material ficou ainda mais emocionante indo de ônibus ou de bicicleta. Já era o melhor momento, quando o cano estourou no meio da sala e escorreu pelas paredes quase molhando meu computador de trabalho. Já era o melhor momento quando fomos umas quatro vezes procurando uma bendita pia na Leroy escura e com preço camarada ou quando a gente descobre que grama é cara, meu amigo e atacamos pedra brita pra cobrir a terra por enquanto. Já era o melhor momento quando a porta lateral resolveu cair ou quando o tão esperado primeiro banho no chuveiro novo, resolveu não aguentar o 220v e ficar mais gelado que cachoeira. Já era o melhor momento, porque era o que tínhamos que viver juntos e com quem caminha ao nosso redor. Todo momento é o melhor momento, quando já se é um lar. Ainda bem que a realidade é danada e nos faz ver que o melhor momento da vida é viver com quem nos traz sorrisos – apesar do que a vida nos põe à prova. Os amigos que chegam da África 2 horas depois de mudarmos apenas o fogão e a geladeira, os outros que nos visitam no dia seguinte quando as panelas ainda estão pelos chãos e cada prato é de um conjunto diferente e nos dão o melhor final de semana de todos. Os pais que chegam e só tem batata e pão velho pra inventar a primeira janta especial e que nesses primeiros momentos, você nem lembrou de pegar a câmera por tamanha alegria naquele instante. Primeiros momentos, são só detalhes, especial é poder viver da melhor forma os meios das histórias que contamos com quem está com a gente. Melhores momentos são aqueles que nos fazem chorar, e até cair uns cabelos, mas depois a paz vem, sempre vem.
O melhor momento da vida é ser quem você é inteiramente, trabalhar pra ser melhor todos os dias por quem se ama e por você e economizar qualquer 10 conto pra investir em um sonho por quantos anos forem precisos. Um dia, esse dia chega e a bagunça que precisou ser feita pra alcançá-lo: é só bagunça e piada depois.

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Daqui a pouco, prometo compartilhar a saga da reforma dos móveis que encontramos, cada achadinho antigo e invenções para cá que terão várias. Devagar e sempre, prato por prato e pegando muita madeira nas caçambas a fora, chego lá e compartilho por aqui 😛