Era um dia chuvoso e nós não sabíamos o caminho para onde estávamos indo e, sinceramente, hoje eu nem lembro pra onde era – não faz diferença alguma: estávamos perdidos.

O cara do táxi falou que seguiria o Waze. Eu sempre abro o caminho para acompanhar do meu celular e Fábio sempre tenta se lembrar se já não passou por aquele caminho.

Para ajudar começou a chover, a visão ficou limitada e reduzimos a velocidade. Prudente. Começamos a tentar desembaçar os vidros. Um olho no caminho e o outro tentando facilitar a visão. Fábio deixava rolar e falava de outras coisas, eu ficava cada vez mais tensa com a situação buscando silêncio para entender o caminho e o motorista nem se importava, estava tão acostumado que pra ele era como estar em um parque de diversão. Reduzimos mais um pouco a velocidade. Fábio dizia que talvez fosse melhor ir pra um lado. Eu digo que o meu mapa indica melhor para o outro e não pegaríamos tanto trânsito. O motorista concorda e nós continuávamos na dúvida: seguir o caminho que não era tão novo, outro que era seguro ou escutar um aplicativo? Eu sugeri pedir informação, mas vocês já imaginam a resposta, né? “Não precisa, a gente se acha, eu sei onde vai dar”, falava Fábio enquanto emendava a história de alguém da família.

Desde quando a gente tem tanta certeza para onde ir? Nunca.

Nunca tive completa certeza de que estava fazendo a coisa certa. Digo, fazendo o que era melhor. Sempre fica uma pulga na orelha sobre o caminho que é desconhecido ou que optamos por deixar ao deus-dará (vulgo waze da modernidade).

Nem sempre a gente sabe qual caminho deve seguir. Quase nunca. Sempre existirão opções, momentos, motivos diferentes. Mas nosso coração não engana. Ao menos ele garante a paz de flutuar a noite no travesseiro – mesmo o travesseiro sendo o mais barato. Não tem preço.

Aquele dia nós chegamos. Três opiniões distintas e chegamos. A chuva amenizou. Paguei a corrida, sai do carro procurando o número certo, Fábio ainda conversava com o motorista, desejando um lindo final de semana.

Chegamos. A gente chega: meio certos, na dúvida, com medo ou receio. E o nosso problema é se preocupar só com a chegada, não absorver algo do caminho. Seja qual for o caminho, você já sabe, siga o seu coração (mas escute o Waze de vez em quando) e sempre que o motorista perguntar “tem uma rádio favorita?” Não tenha vergonha de falar. 2hrs parados no trânsito e perdidos seria melhor com uma boa música.

Me desculpe se você leu até aqui e acreditou que eu te daria um sentido.

Sinta e siga.