01/02/2015 foi a data que veio escrita na sua carteirinha de quando você nasceu. Contou a moça da ONG que você estava em uma caixa na beira da estrada, junto de outros filhotes que teoricamente eram os seus irmãos. Alguns presentes, vem embrulhados com laços, colagens e cartões, outros não, como você. O conteúdo é o bastante.

Dentre contas para pagar, vontade de viajar, casamento para planejar ou carro pra trocar, resolvemos ir contra a maré do roteiro de um casal, para buscar você. Te encontrei 2 meses depois, em um cercadinho brincando com outros cachorros cheirando a xixi. Você era meio tímido, na verdade, preguiçoso. Analisava todos da turma e depois de alguns minutos se rendia na brincadeira – sempre desconfiado. O Barbudo me dizia repetidas vezes para escolher um cachorro para ser meu, para não desgrudar do meu pé jamais. Olhei e só conseguia chorar por dentro, torcendo para que todos ali conseguissem ter a mesma sorte que você teria. Qualquer um ali, poderia ser o meu Ringo e, no final, foi você.

Você mal imaginava que parados naquele portãozinho, estavam dois seres humanos que iriam te amar e apresentar a melhor irmã do mundo que te ensinaria a subir e descer do sofá, fazer xixi igual mocinha e adorar um cafuné na barriga. Desde então, você continuou o mesmo Ringo daquele dia. Mantém firmemente uma preguiça que não sai do seu corpinho redondo que cresceu ao redor da sua cabeça pequena de filhote.

Desconfiado, carinhoso, arrotão, malandro, gente como a gente e nada atlético, hoje a casa é mais tumultuada, animada e sempre com uma história nova para contar. Sua irmã esta sempre cansada com as suas insistentes brincadeiras e nunca mais a vi um segundo sequer sem sorrir. Afinal, você a ama mais que qualquer um. E nós, amamos a vocês, mais do que qualquer coisa. Já passamos por tantas, que por vezes é difícil crer que faz menos de um ano que te temos aqui. E que você ainda é a paz em pessoa da casa e um respiro em meio a nossa rotina.

Que sorte a nossa! Que sorte ter encontrado você.