Quando escrevo, revivo tudo. Cada pedacinho do que vivi dentro de mim, agora vai fora em uma mistura de verbos, adjuntos e pronomes. Parece. Só parece, mas que é real pra mim. Quando escrevo, não sou metade, nem que eu não queira, tudo em mim vai junto. Até muitas vezes o que eu queria guardar no mais fundo de mim: só vai. E não dá pra controlar, segurar e mensurar. Então, eu deixo ir, o desconhecido e aí me conheço. Quando escrevo uma parte minha pensa e a outra sente – intensamente. Quando vivo só sinto, esse é um problema. Escrever é a chance que a razão me dá para pensar: por que também é preciso. Quando escrevo cada palavra sai em seu devido lugar, já quando falo ou penso, elas se embaralham e chego até a engasgar e me atropelhar. Quando escrevo, sinto tudo junto com todos os sentidos: escuto o som de uma risada gostosa em cada ponto, choro com o sentimento que cada vírgula tem e sinto gosto de um bolo fresquinho saindo do forno de uma receita carregada de afeto. Escrever, meu querido, é ter tudo. Escrever é sentir em palavras presentes, reais. Quando escrevo eu repenso, revivo, sou outra vez, eu me crio. Quando escrevo tenho o privilégio de ser maior, de aceitar mais, querer menos e amar inteiramente o que já um dia pode vir a me magoar, por que quando escrevo, eu aprendo: com cada palavra – minha que eu nem sabia. Quando escrevo, escrevo por que quero, para completar as imagens que meus olhos clicam e assim, compartilho para a felicidade não ser única pra mim, ser além. Escrever, transforma. Cada frase da rotina sem graça, qualquer fase de desamor e até um dia nublado sem vida: quando se escreve tudo ganha cor. Luz. Escrever é enxergar beleza, onde não tem. É ver a beleza da sombra quando falta luz. Quando escrevo, vejo que é a vida me pedindo pra ser repleta – de mais sonhos, versos confusos e momentos irrefutáveis. Quando escrevo, posso corrigir, posso admitir, posso melhorar. Escrever é a segunda chance que a vida dá.

De ser mais o que sou. De ver mais dela ao meu redor. De ter mais amor – por qualquer coisa e até mesmo por pontos finais. Por mais duros que sejam, são precisos. E preciosos: é preciso ter coragem de viver pra escrever.

E escrever pra viver – foi o que meu coração pensou e minha mão deixou escapar. Bem, já foi: escrevi. ♡