O mundo parou. Nossas vidas nessas últimas semanas parece que andaram 10 anos de tanta coisa que têm acontecido e ao mesmo tempo parece que está em câmera lenta.

Foi um “PARA” gigantesco, uma freada daquelas que se você está sem cinto de segurança você voa e se estraçalhae não queremos isso né. Talvez o cinto de segurança seja o nosso autoconhecimento e os mínimos detalhes.

Os detalhes que fazem a manutenção de relacionamentos, que te faz mais pé no chão, que te deixa mais organizado, que te emociona, que te situa no presente ou que simplesmente te lembram que estamos vivos…

Eu parei essa semana e percebi que tenho sardas novas, sei que horas são pela posição do sol batendo na minha casa e que os vizinhos gostam de ouvir um mix de Madonna com Queen e Beyoncé no café da manhã.

Finalmente entendi qual a melhor forma de regar cada planta daqui de casa, inclusive, preciso tomar cuidado para não aguar demais, porque, na realidade, amo ter este momento com calma para observar cada uma delas.

Percebi que os pernilongos entram pela minha janela entre às 23h e 00h nessa época do ano. Ainda não aprendi a fechar a janela antes disso, por que gosto de ver a lua e o céu à noite.

Cheguei à conclusão que só posso ler as notícias de manhã e à noite. De manhã para me situar no tempo, para encarar a realidade e à noite para entender que o dia, assim como os milhares de acontecimentos, uma hora chegam ao fim. Durante o dia não dá, fico atordoada e inerte.

Escrevo isso não para romantizar a quarentena, afinal, ficar em casa é um direito que todos deveriam ter, mas infelizmente não é a realidade.

Escrevo para que nos apeguemos aos nossos detalhes, estes que passavam tão desapercebidos na rotina mais acelerada… podemos dizer, rotina no modo automático.

Nunca foi tão importante estarmos conectados conosco e, mesmo que longe, com as pessoas que amamos.

É no detalhe do sorriso da sua mãe rindo de algo, na palavra de afeto da sua amiga, na mensagem preocupada de quem se ama, no bom dia, no boa noite, no se cuida…