Em determinada fase da vida tive problemas pra caminhar, todo mundo tem em algum momento, eu acho. Mas, minha pressa sempre foi algo que por vezes, me fez andar pra traz (não que recuar as vezes seja ruim, mas neste caso é). Sabe como é, tem um momento que viver te deixa mais assim, com pressa de respirar e crescer. Ou melhor, digo “crescer”. A gente tenta de todas as formas imaginar como a vida deve ser, sempre, não tem como. E por mais que a gente tente fazer a estrada da vida virar uma esteira automática de academia e apressar tudo, ela sabiamente nos freia. E por algumas vezes, até nos dá aquele puxão danado contra a parede, como quem quer dizer: “Filha, vê se te acalma, eu sou uma só pra se viver tão rápido sempre”.
E ela é. Só uma.
Eu já tentei advinhar como tudo seria, como tudo apareceria na minha frente, mas não dá. Já tentei mergulhar fundo dentro de mim e da pequena família que estou formando e pensar como planejar o bem estar de todos, mas não dá. Já cansei de dormir, com uma pequena lágrima no canto dos olhos, pensando como todos podiam viver bem. Mas, eu não posso garantir isso. Ou melhor, até posso, como procuro fazer: dia após dia.
Um dia ou um passo de cada vez. Parece tão simples, mas tão difícil para nos sentirmos satisfeitos. Sei lá, somos profundos demais, mas por vezes -ou na maior parte do tempo- parece que vivemos apenas na superfície de ser.
E então, no dia quando pensei conseguir finalmente chegar a um equilíbrio dos nossos sonhos, chegou até meus olhos por mensagem, através de um amigo, que ouviu da esposa e que ouviu da sua amiga, esta frase: “dê o passo, que o chão vem”. Resolvi escrevê-la no meu celular e sonolenta escrevi: Dê o passo que o chão der. E no fim, eu precisava ler aquilo que mesmo errado, era certo pra mim.
É preciso respirar no nosso ser para sentir quando o chão nos pede para descansar os pés e deixar ele seguir. Afinal, eu precisava agora deixar o chão vir, enrolar, desenrolar e me envolver. Eu precisava aprender a esperar ele vir, e então acalmar meus passos para seguir em paz.
Esta frase, me fez crescer. Crescer agora sem aspas. Crescer do verbo, ser inteiro, profundo e algumas vezes não saber para onde caminhar, mas prosseguir… Sempre.
E agora, deixar a pequena lágrima a noite escorrer, levantar e polir as botas para que pela manhã, a gente possa caminhar, mesmo com o calcanhar machucado da vida e com o medo entrelaçado nos dedos das nossas mãos: sempre tem um próximo passo para dar, ao seu tempo. Ao tempo da vida. Ao tempo do chão.
O chão? ele vem, sempre vem. E a vida? ainda é apenas uma, mas mais intensa: a cada passo, em cada chão.