Lembro que quando nos mudamos pra cá, ficamos muito felizes de ter este cantinho no corredor.

Foi onde Lucy deu seus primeiros pinotes feliz da vida por ter onde gastar sua energia – ela ainda não sabia que seria seu cantinho preferido para perseguir aviões. Com o tempo, fomos ajeitando muita coisa aqui, ali e lá da casa.

Fomos reinventando, tapando buraco e reformando… menos o corredor.

Compramos poucas coisas novas, mas tudo pra gente tinha ar de novidade. Aos poucos foram chegando vasos, plantas, vasos, plantas e mais plantas pra esse espacinho, mas ainda assim com frequência vinha a pergunta “quando vocês vão reformar o corredor?”.

O tempo foi passando, prioridades surgindo, dinheiro indo e mais plantas chegando. Mas a pergunta continuava brotando nas minhas mensagens “vocês não vão reformar o corredor?”.

Por meses esse canto me incomodou, até que me perguntei: e seu visse esse lugar como a Lucy vê? Ficou no mínimo mais divertido.

No dia quando tirei essa foto, eu entendi. Não é sobre o corredor. É sobre fazer o que a gente pode, como e quando pode. É sobre sorrir com a luz do sol que bate no chão concretado e lembrar a atmosfera da casa da minha vó. É ver um vaso descascado, parede rachada, uma janela quebrada, um rabo no meio da minha foto e rir sozinha por chamar isso de casa.

No fim, o sonho da lista da “casa completa” é sobre isso. Gratidão e afeto aos detalhes. A melhor deCoração é essa, Lucy correndo pra caçar aviões no fim da tarde e a gente pegando amora do vizinho.

Quem casa, não quer casa, está disposto a ser lar (casado ou não, mas eu precisava do trocadilho).

Sempre em construção pra não deixar o essencial de lado.