Dizem que livro bom é aquele que a gente devora e guarda pros melhores momentos da vida, deitado em uma graminha, sozinho no silêncio. Eu concordo. Mas, descobri que livros ótimos, como este, tem um certo diferencial. Me peguei lendo este livro nos dias mais difíceis e alguns até tristes. Por que? Eu sei lá. Não, ele não me fez mais feliz, mas cumpriu o seu título e seu conteúdo maravilhoso. Me ensinou a ser mais leve apesar de – acrescente aqui qualquer coisa.

Quando encontrei este livro, sinceramente falando, julguei ele pelo título e pensei ser mais um livro com clichês de auto ajuda. Não sou contra auto ajuda, mas clichês, ora, são clichês. Quero texto com vida. E é o que este livro tem: relatos, entrevistas, viagens, histórias, especialistas, simples pessoas interioranas e filósofos contando sobre diferentes pontos que fizeram sua vida ser mais leve, com palavras que saltam sozinhas pelas páginas e a realidade escorrendo em cada capítulo. A realidade – o primordial.

Logo na primeira frase, eu fui obrigada a fechar o livro, pegar a Lucy e ir passear: ela só pensando se fazia xixi na graminha ou na praça e eu pensando se era uma bicicleta ou um caminhão de carga na vida. Espairecer, ta aí uma coisa bizarramente boa de se fazer. No livro ela coloca alguns pontos que são importantes analisarmos e cultivarmos em nós para sermos mais leves. Alguns como: gentileza, bom humor, descomplicação, desaceleração, convivência, felicidade. Gosto, pois a autora coloca tudo isso com um valor igualmente importante, mas relativo a cada pessoa para se trabalhar. É necessário, para termos alguma mudança, olharmos pra dentro sem peneira ou máscara e somente com a sinceridade. “Sim, eu vacilo nisso mesmo”. Pronto, ponto pra você.

A leitura é leve, engraçada pela transparência da autora e ao mesmo tempo intensa de acompanhar a sua busca por essa qualidade de vida, não pela quantidade dela. Pela sinceridade de ver que ter uma vida leve não implica em vender tudo e ir para o interior, mas viver o melhor possível com você, com as pessoas ao redor e com o tempo a seu favor, onde você estiver. Livrar-se de desculpas da falta de tempo, do “tô cansado demais, eu posso dar uma erradinha aqui”, da falta de gentileza com o próximo, da mania de ter pressa pra pensarem que você é importante, de pensar que conviver é fácil e de idealizar a felicidade pelo o que você tem. A verdade é que quanto mais pobre estivermos por dentro, mais coisas vamos precisar acumular.

Terminei a leitura desejando viver em um mundo onde todos tivessem este livro: cheia de esperança, uma lista de coisas para mudar e com uma vontade imensa de conhecer a Dona Zizinha, senhorinha fofa que coleciona 98 anos ricos em vida, simplicidade, senso de humor e tudo que já escrevi que a autora mencionou. E quem sabe também a Dona Célia que tem 58 netos e uma ótima memória da alma que a faz lembrar do que cada um prefere comer no fim da tarde. Quem sabe um dia não as encontro por aí? Um beijo pra vocês. E um abraço demorado pra Leila, autora do livro, que já me ficou tão íntima por escrever com o peito aberto esta bíblia com muitas páginas, mas leve em conteúdo e inspiração de vida pra vida. Pra nossa vida.
IMG_7166-1