Não sei muito bem quando esse termo pegou por aqui. Mas, sei que pegou. Na verdade, já perdi as contas de quantas vezes estava em casa e escutei um tremendo barulhão e gritei: o que aconteceu aí? – Nada, Lucy sendo Lucy , ele me diz. Ou quantas vezes estávamos entre amigos e um novato na turma, vê aquela cachorra descontrolada – não só tentando pegar o rabo, como passar o rabo no meio das pernas pra morder a pata traseira – e entre risadas diz: Eita, que isso? E um amigo tira as palavras da nossa boca e nos poupa o trabalho de dizer: Lucy sendo Lucy. A campainha toca e ela só falta soltar rojões, gosta de uma casa cheia, e corre de um lado pro alto, pula, lambe a pessoa. E nós, tentando controlar a situação, explicamos que ela só é feliz demais, quando escutamos: Ah, não se preocupa, Lucy sendo Lucy, né?. Até que chegou ao ponto de alguém comentar em uma foto dela “Lucy sendo Lucy” e eu não sei quem é – só me lembro de ter usado isso como legenda por várias vezes quando não sei bem o que escrever. Afinal, é só ela com seu jeito Lucy de ser. Olha, não é que a coisa pegou mesmo?

Quando ela apareceu, junto com ela vieram todas as suas manias jecas, fofas, ou anormais que aprendemos pra conviver – família é isso aí. Podem dizer que é ruim, mas eu acho bom ser fortemente reconhecido pelo o que somos e as manias que temos. Saber muito bem onde nossa essência está, ter nossos traços ali reforçados, pra quando alguma coisa bizarrinha acontecer nos poupar o trabalho de nos explicar: Desculpa, só estou sendo. Tem liberdade de vida maior do que essa? Ser e só ser. E saber como se é – isso é fundamental, por favor.Imagem6
E ela, nós sabemos bem como é. Podemos até apostar: Morder? Não, não, Lucy nunca faria isso, certeza. Não, Lucy nunca tentaria pegar o próprio rabo sem latir, jamais, tá no pacote, mas encosta a bunda na parede pro rabo ir mais pra frente para facilitar sua guerra insana contra ele, isso sim. Lucy sempre arrota em alto e bom som depois de comer e treina para alguma olimpíada da cabeça dela de caçar mosquistos, e sim, vomita se come carne – eu juro. A bicha adora se molhar pra depois vir a melhor parte, a de se secar. Adora uma bolinha, garrafa pet, pedra ou o que seja pra brincar, mas sabe muito bem curtir um bom soninho até mais tarde esquentando nossos pés. Se estamos todos envolta da mesa, ela sobe na cadeira e senta, por que também quer participar, oras. Ela é malandra e da farra, mas não é maldade. É felicidade em estado explosivo. Uma bomba. Mas, também é parceira de me deixar por um chapéu na cabeça dela só por uma foto. Sabe sentar e ser companheira ao meu lado quietinha quando me vê chorar, reconhece a palavra “baixinha”e já corre me procurar e adora lamber mato ou flor.  Mas, gosta mesmo da palavra “passear” e aí já enlouquece de novo. Lucy é uma produtora de pêlos de primeira e faz questão de espalhá- los muito bem pela casa, além de ser péssima em cálculos de espaço, pois jura que tem um porte de pinscher e cabe no vão do sofá junto com nós dois, e não pode ver um casal se abraçando que já parte junto pro abraço a três. Algumas coisas, ela não faz muito bem, mas a verdade é que: ela sabe ser ela muito bem.
Ela é como é, Lucy. Fazendo o que veio ao mundo pra fazer: Ser ela inteira e intensamente – ainda que jeca.

Tá mais do que certa, não?

Que sejamos assim, como somos: sem vergonha, sem limites, com respeito e com um pouquinho mais de noção que essa vira-lata, por favor. ♡