set.2019 // Cartas para Gergelim

Preciso te contar uma coisa. Muitos acham besteira, mas eu e seu pai tínhamos o sonho de você conhecer Lucy e Ringo. Contávamos a idade deles, a sua possível e quanto ainda dará pra ver de Lucy correndo feito uma doida atrás do rabo e Ringo sendo rabugento.

Filho(a), eles são demais. Você vai ver. Nos ensinaram sobre o amor de uma forma nova e divertida. E queremos que você saboreie isso.

Sabe, por anos eu achei que deveria guardar amor pra te dar. Mas amor é muito mais livre que isso. Não dá pra guardar. Amor é pra transmutar.

Aprendi sobre o amor com tanta gente, tanto e tudo ao longo dessa breve vida. Com seus avós aprendi o que o nosso tempo dedicado a quem amamos é o melhor presente. Com seus tios de sangue aprendi o valor de acreditarmos nos sonhos um do outro. Com suas tias de coração aprendi que nada pode segurar mulheres que se unem pra conquistarem seu espaço juntas. Aprendi a me deixar ser cuidada e surpreendida por gestos simples e únicos de carinho.

Com seu pai, aprendi que amor não se prende, não tem manual, não se molda, amor não suporta tudo e é muitas vezes dizer não.

Amor tem sabor de liberdade, parceria, respeito e evolução, enquanto houver sentir e sentido. Com Lucy e Ringo, vi o amor ser rotina sem a percepção de tempo, de maneira divertida e simples. Lucy e Ringo não tem a mania imatura que nós humanos temos de medir amor como “o maior”, “o melhor”, “o mais puro”, “o único”. É amar por amar. Não comparam amores – evoluíram. São mais leves.

Já comigo filho(a), aprendi como o amor pode nos transformar a medida que nos abrimos, e é preciso coragem. Aprendi que o amor não é só gostar do que se vê no espelho como fazem especialmente mulheres pensar, mas aceitar e valorizar a minha trajetória até aqui.

Amor é troca, não guarda ou acumula. Transborda. E se manifesta cada um e a cada fase à sua maneira.

Um dia vamos trocar nossos olhares, toque, cuidado e os cheiros da nossa pele. Te agradeço por essa chance. Celebramos sua existência, te respeitamos e nos dispomos. Dia a dia. Sem passe de mágica.

Amar por amar é um aprendizado.