Mudar nunca é fácil. E talvez a mudança não seja sobre isso. Talvez seja justamente para sair daquilo que nos acomoda demais a ponto de não incomodar mais. Chega um momento que a gente precisa do desconforto.

Nossa mudança (literalmente) não seria diferente. Colocamos nossa vida em caixas, embrulhamos sonhos, colocamos plástico bolha no que é frágil e partimos para fazer depois todo esse processo ao contrário: desempacotar, guardar, ocupar novos espaços e descobrir a nova rotina. Fabinho não contou em nada comigo e fez bem, pois se surpreendeu. Já eu, subestimei o tamanho das (minhas) mudanças e precisei me dar a missão de me enxergar naquele momento.

Foi quando me olhei no espelho e caiu a ficha do meu corpo se tornando dois, maior do que estava no dia anterior e menor do que amanhã provavelmente. Eu que sempre fiz o máximo pra dar conta de tudo, aquietei um pouco facho, pedi ajuda, fui grata pelas mãos dispostas, botei uma música, aceitei o ritmo (im)perfeito e me diverti muuuuito mais assim.

E como! Conseguimos nos livrar de excessos e rir muito, considero saldo positivo. Consegui chorar por aceitar não fazer tudo sozinha do jeito que eu queria, e tudo bem, lágrimas tem seu saldo positivo também.

Ainda estou desvendando os fachos de sol da casa, escolhendo a boca preferida do fogão, conhecendo que hora é melhor pendurar a roupa pra secar, dia do lixeiro e onde vamos largar as cartas e notinhas fiscais no fim do dia. Dá um frio na barriga de coragem e um mini desespero de se reencontrar em cada vão (que já está cheio de pêlo da Lucy provavelmente). Tudo é uma tela em branco pra nossas manias e isso é tão agridoce como a vida.

Mudar não é fácil, mas com gentileza pode ser ao menos mais leve. Foi o que mais precisei exercer comigo mesma nesta etapa. E que bom! Afinal, a gente muda todo bendito dia, prenha ou não. Já era hora de abraçar apertado e gostoso esse fluxo.

Ainda estamos nos descobrindo. Sempre estaremos. Agora, faz sentir e sentido. Talvez mudar seja sobre isso. Talvez, às vezes… vamos descobrindo.

A vida é essa grande descoberta de vários mundos nós, do outro e de todos