Um dos melhores livros que li este ano, e não é por que é de fotografia…

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Fiz questão de frisar bem isso, pelo simples fato de que este livro é incrível! Fotógrafos, não fotógrafos, tanto faz. Ele vai te fazer olhar pra dentro de sí e pensar: O que estou fazendo por e para a terra? para o mundo? Eu, que já era apaixonada pelos clicks dele, ví um homem com um talento inegável e de outro mundo transbordar humildade e me contar de terras e tribos que nunca imaginei passar, por situações que eu não imagino o que faria e com um amor e zelo pela família de abraçar o coração.
Pra quem não o conhece, Sebastião Salgado é um fotógrafo de vidas, de pessoas, de histórias. Dizer fotojornalista não o descreve por completo. Hoje, com 70 anos, o mineiro que passou por 120 países, conta um pouco dos bastidores e como foi cada detalhes de suas aventuras fotográficas, mas antes de tudo, começa o livro com a frase

quem não gosta de esperar, não pode ser fotógrafo(…) É preciso esperar para ver o que vai acontecer, é preciso encontrar prazer na paciência.”

Economista até os 29 anos  – e diz que isso, foi fundamental para sua carreira – conheceu a fotografia sem querer quando sua esposa resolveu estudar arquitetura, ainda bem. Cresceu em uma fazenda, onde diz que foi ali onde aprendeu a respeitar o tempo da vida, das coisas e devido ao sol forte sempre ficava perto de alguma árvore e via o seu pai se aproximando contra luz – essa já era a sua luz. Ele e sua companheira Lélia fugiram para França e lutaram por grandes causas políticas, o que sem dúvidas só o fortaleceu ainda mais como fotógrafo: a sede de registrar e contar uma história que não foi contada. Apaixonado pela fotografia preto e branco e analógica, ele conta como foi mudar e evoluir, ainda que, em suas palavras

com o preto e branco e suas gamas de cinzas, posso me concentrar na densidade das pessoas, suas atitudes e olhares, sem que sejam parasitados pela cor”.

O homem que percorreu tantas terras, conta detalhes não de como foi fotografar, mas de como foi conviver com tantas tribos diferentes e o tanto que aprendeu com elas. Principalmente da sua relação tão pura com a natureza, afinal depois de fotografar “Êxodos”, onde lidou com o que o ser humano tinha de mais grave e violento e abalou sua fé, ele conseguiu recuperá-la na série “Gênesis” em que ficou 8 anos fotografando por lugares intocáveis da natureza, pode ver como o homem transformou sua essência e como “a tecnologia nos deixa quieto em nosso canto. A história da humanidade, porém, é a história da comunidade. Nós, pelo contrário, nos dispersamos, nos individualizamos.” O livro é uma aula da nossa responsabilidade para com o meio ambiente e como o homem se distanciou dele e nem sequer nota que, se distanciar dele, é distanciar de sí mesmo. Ele e sua esposa plantaram mais de 2 milhões árvores. De se apaixonar ou não?

Terminei seu livro meu querido Tião e aplaudi de pé, mas não quero fechar. Não quero que nenhuma palavra se perca ou se esqueça: grifei 146 páginas, o livro inteiro.

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