“Como assim você prática exercício? nunca vi você postar uma foto, deve ser por isso. Não acredito que você viajou! Não vi você colocar nada, pensei que estivesse só trabalhando. Jura que você se interessa por política ou torce pra algum time? não vi nenhum post seu nas últimas semanas. Jura que você foi naquele boteco? achei que tinha ficado em casa, não vi check-in e nenhuma foto taggeada sua. Você foi ver o castelo ra tim bum e a exposição da tia doida das bolinhas? não achei foto no seu instagram. Você está bem? não postou nenhum snap hoje. Qual seu app? Por que você não me responde? Não quer dizer? que frescura”
– Me desculpe, fulano. Eu estava em um velório e esse é o meu app. Seja “feliz”.
Quem nunca passou por essas e outras? Quem nunca pensou em explodir algum aplicativo ou sumiu de uma rede social, quem nunca? É assim que – infelizmente – caminha nossa humanidade: tentando adivinhar e julgar a intensidade da vida alheia com uma foto sequer que se poste – ou se não a postamos. Pois, infelizmente, hoje em dia não importam os 10km que você corre, o vinho que bebe no final de semana ou a vida cultural que tem: se você não postou, ela não existiu.
As redes sociais e sua velocidade de informações, que é uma coisa maravilhosa quando bem usada, trazem a doce ilusão de quem temos as pessoas não só por perto, mas nas nossas mãos com acesso apenas em um touch. Que tristeza!
Então, viu, é melhor deixar por pensar, deixar fantasiar. Compartilhe o que te dá vontade, como e quando estiver afim, sim. Mas, algumas vezes quando por dentro o silêncio for mais alto, deixe- o ser também e, nem por isso, quer dizer que você não tem sua opinião claramente formada ou uma vida bacana o bastante para ser compartilhada. Pois o prazer de viver o dia que a vida nos dá, não precisa de filtro nenhum: é genuíno e de coração. Não precisa de endereço IP e longe de ser tipo net.
É a vida como ela é e deve ser: naturalmente ao seu tempo, não instantânea e, que acontece muito bem sim, offline.
Não é pela foto que se poste, mas pela vida fora da internet que se preste. Bora viver – a nossa vida, de preferência né -, minha gente!