– Que foi, mulher?
– Ih, a coisa vai mal.
A coisa é o amor. E aí, parece que nada vai bem. Parece que a vida nos engole, mastiga e gospe pra fora: se é, o que restou. Quando um amor vai mal não tem idade ou maturidade, vai mal e ponto. Com 30 anos nas costas, sofre-se igual adolescente no primeiro amor frustado ou, com 20 anos, chora-se compulsivamente por 3 dias e depois acaba o luto – luto, o momento da dor, não do fim. O amor ainda não acabou. Pelo menos, até alguém dizer. Mas, não adianta explicar, pois quando um amor vai mal, parece que o fim chega a qualquer hora, qualquer momento e por qualquer motivo. Afinal, quando um amor vai mal, se espera qualquer coisa, lágrima, dor ou ação. Quando um amor vai mal, mostramos quem somos, sem aquele alguém; o chão some, o céu nos esmaga e os olhos inundados ficam salgados: sorrir vira quase um exercício digno a se treinar na frente do espelho pra conseguir ser convincente – mas, não engana ninguém. Quando um amor vai mal, vai mal e ponto.

Mas querido, vou lhe dizer, que quando um amor vai mal ele ainda pode ser. Ainda se pode escolher o sim. Quando um amor vai mal, se pode salvá-lo, respeitá-lo e, então, lava esse rosto que a coisa pode evoluir. Quando um amor vai mal, não significa que ele não é bom, significa que ele é normal. Não tem o porquê se envergonhar e não desabafar, ele vai em algum momento mal, não tem como escapar, pra qualquer pessoa que escolheu um dia amar: acontece – com os melhores amores.
Quando um amor vai mal, minha querida, você sabe no fundo se deve tentar ou só deixá-lo ir, nem me ouse perguntar. Já outras vezes, quando o amor vai mal, passa. Como uma chuva de verão… passa, passa o que era mal. É esperar, buscar melhorar. Respirar, não pirar e amar. Pois o amor ele fica, enquanto a gente resolver dar um cantinho pra ficar. E ele fica.
Quando o amor vai mal, ele não vai mal e ponto, perdoe- me. Na verdade, ele só não esta momentaneamente bem. Porque assim é o amor: ele vai, enquanto há amor. Vai amando e segue amado. Vai certo e sem medo. Porque é amor, ora. E amor, amor mesmo que se preste, sempre vence todo o mal.

C’est la vie!