Quem tem, entende, não se importa. Sai de casa e a primeira coisa a se fazer é bater toda aquela pelaiada empregnada na roupa. É pêlo na cabeça, na nuca, não acaba jamais. E tem como se livrar? sinceramente? totalmente não. Até bichinhos com pelagem curta, meu amigo, uma hora vai ter queda nas viradas de estações e vai trocar. Tem jeito não. A boa notícia é que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, e é por isso que deixei essa frase pendurada na parede. É bom lembrar e relembrar, pra dar uma reclamadinha, mas não se deixar amargar.

Semana passada fomos ao veterinário, dar as vacinas anuais dela. Perguntei discretamente para a doutora se tinha algo a se fazer para dar uma ajudidinha pra minha coluna e uma aposentada na vassoura todo santo dia. E depois de me olhar fundo, suspirar e franzir o rosto, me disse que o clima instável nesse vai calor vem frio, só piora a troca de pelagem da estação. Ou seja, os pêlos estão descontroladamente perdidos. Assim como eu, todo santo dia ao terminar de varrer o banheiro e o quarto, respiro fundo na escada, me abano de calor e olho pra aquela cara de pateta e não consigo dizer nada. Depois varro o piso debaixo, naquele caça ao tesouro do lugar mais improvável que um pêlo vai estar, e sim, tem um bolo deles no meu vaso embaixo da escada. Já choramingando, abaixo até ela e peço encarecidamente “Vamos fazer as pazes pêlos, por favor? colaborem, vai.”. Ai, quando varro o quintal naquele calor infernal, já desisto e digo que vou embalar a cachorra a vácuo feito um brócolis ou passar máquina zero pra ela ficar igual um leitão rosa. E ela? fica feliz. Não tem como se zangar. Ternura é a arma dos cachorros, desmonta e quebra as pernas de qualquer coração duro, ruim, gelado ou esturricado de raiva. E então, quando a gente se deita no sofá para descansar de toda a maratona, aparece aquele tufo de pêlo rolando pelo chão, como uma bola de feno em um filme de faroeste, e só para de rolar até encontrar o pé de cadeira mais próximo.
Chora, amiga, que tá liberado.

A boa notícia é que pra todo pêlo que cai no tapete, colcha da cama ou almofada, tem a santa luva amarela de limpeza com um pouquinho de água pra passar as mãos e tirar todo aquele nosso tormento. Pra toda brechinha entre um cafézinho de 5 minutos e outro, tem essa escovinha para dar uma agilizada no processo e puxar os fulaninhos que estão pensando em cair pra nos atazanar. E, pra todo aquele pêlo grudado na roupa, tem um pedacinho de durex para passar e remover.
Brincamos, morremos de rir mas, sim, por vezes cansa chegar em casa exausta, 22:30 da noite e varrer a casa toda, não é o que ninguém sonha. Mas, todo mundo sonha em ser amado além de qualquer problema, cansaço, circunstância ou porquê e, é esse o preço. Nunca me passou pela cabeça não aumentar a família pelo trabalho que dará, mas temos uma pequena condição aqui na casa: nenhum bichinho chega, até um aspirador de pó entrar na nossa vida. Será que a gente aguenta? Pouco importa. É só um mero detalhe, no meio de muito amor que tem espalhado por aí na casa, materalizado em forma de pêlos – que neste texto acaba até virando poesia. Obrigada por mais essa, Lucynha. Por isso, volto de onde comecei: quem tem  ama, entende. ♡

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Sim, isso foi o que saiu daquele nosso tapetinho da sala. Palmas pra Lucynha e seu ótimo trabalho, hahaah.
Brincadeiras e texto a parte, essas dicas realmente ajudaram muito por aqui 🙂