Não sou uma pessoa apegada. Sou mais daquelas que nutrem um carinho grande por alguma coisa enquanto faz sentido. Sentido. Eu não sei fazer nada sem isso. Sempre preciso de um sentido – até mesmo quando não tem. Um sentindo sem ter sentido, às vezes, faz sentido também. 

Nessa minha busca por sentido eu descobri que o sentido sempre vem. Uma hora aparece, ou a gente encontra. Mas vem.

Em 2022 foi o ano em que eu comecei meio sem sentido. Tinha muitos sonhos, desejos e metas, mas me faltava sentido. Sabe? Aquela direção visceral que nos faz seguir em frente ou para o lado que for e nos sentir em paz. Faltava esse sentido. Mas, eu topei seguir o ano mesmo assim. Na verdade, aceitei. 

Óbvio: a vida não ia esperar eu me ajeitar para começar o ano. A vida continua rolando. Eu também continuei. 

Entrei no modo “deixa rolar” e, eu sei que para quem tem um perfil mais analítico, isso possa soar frouxo demais. Talvez, seja, mas eu descobri que era o que eu precisava. 

Deixei rolar muita coisa em 2022. E engana-se quem pensa que isso significa não ter autoresponsabilidade ou procrastinar. Foi o que menos fiz. Eu segui fazendo o que precisava. E fazendo o que precisava, eu fui encontrando sentido sem procurar por ele.

Explico.

A gente tá em um momento em que tudo precisa ser pensado demais. Tudo precisa de uma definição profunda, conceitual e super sistemática. Eu me incluo nessa. Por muito tempo acreditei que o sentido era assim. Até onde estudei, pelo que me formei, posso te dar umas 50 definições diferentes sobre “sentido” que cada um coloca em um carrossel do instagram. E faz sentido. Todas elas. E eis algo que aprendi:

O sentido só precisa fazer sentido pra quem procura.

Comecei meu ano de 2022 sem definir esse sentido e, ao longo do ano, cada etapa em que fui vivenciando foi me trazendo uma necessidade diferente. Algo que eu precisava ser para então conseguir fazer sentido que o momento pedia de mim. Eu, que sempre fui tão rígida comigo mesma, me vi uma pessoa mais flexível, com mais jogo de cintura e mais apaixonada em acreditar na minha capacidade de criar soluções. Assim eu descobri:

O sentido não precisa fazer sentido o tempo todo.

A vida muda, nossos caminhos mudam, a gente muda, nossos sonhos mudam… tudo muda. Logo, nosso sentido algumas vezes precisa acompanhar esse movimento. Essa transição. Senão, não fará sentido. 

O sentido não é… o sentido está. 

Isso significa que ele independe de fatores externos, o sentido está em nós. Acontecendo. Nesse exato momento. E não é nada místico ou profundo demais, as vezes é algo tão simples como “agora faz sentido lavar o quintal pois bate mais sol então seca mais rápido”. Fim, é isso. 

O sentido é simples, a gente quem complica.

É verdade, exigimos demais do sentido. Queremos uma resposta filosófica e super mirabolante para perguntas que não podem ser fixadas como regra e nem tão pouco precisam de longas explicações. As vezes, a coisa apenas, é.

Talvez esse texto pareça não ter sentido, mas saiba que ele sequer precisa fazer. 

Se fez, na verdade, foi você quem o encontrou. 

Se não fez, tudo bem, é só um texto em que eu desejo que o seu 2023 tenha quantos sentido seja necessário. 

Que você não complique o sentido da sua vida, que você encontre o sentido que procura, que você seja o sentido que quer e não exija demais disso. 

Se já é fevereiro e você não achou o sentido, não se sinta tão sozinho assim. Saiba que a maioria das pessoas estão improvisando e, que, para além do sentido, o importante, é sentir.

Sinta sua vida. 

Sinta seu tempo. 

Sinta os dias. 

Sinta cada sentimento. 

Sentindo, o que vier a mais, acredita, fará sentido.