Toda vez que venho para cá, eu viro um turbilhão. Só que daqueles calmos, mansos e intensos. Não sinto ansiedade, não sinto pressa. Sinto a vida como ela tem que ser: vivida e plena. A vida existe e, esse é o seu único propósito real. Aqui me sinto, me vivo e volto a sonhar. Aqui, imagino minha família no futuro com um número sem fim de cachorros, gatos, um pássaro livre dentro da casa, galinhas e um quintal de horta para alimentar. Um silêncio infinito, o desgaste corporal do trabalho diário e uma panela para seis pessoas de macarrão com manteiga. Sem mencionar a minha cara um pouco fechada, pela quantidade de pés cheios de barro dentro do chão limpinho da casa. Faz parte. É, somos assim.
Esse pode ser só mais um dos planos em que fazemos olhando para o teto sentados no nosso apertado sofá. Arquitetando como seria tudo: nossa vida, nossas tralhas, nossos tesouros em forma de bichos. Como seria, como seria, como seria? Viver sem uma média e um pão na chapa, sem uma loja de utilidades de 24 horas ou longe dos meus pais para salvar minha semana difícil com um café. Não sei. E talvez seja daí a vontade: descobrir.
Lá, eu sou grande. Pois meus sonhos são imensos: são muito maiores que eu. Não cabem nas mãos, quanto menos na memória e por isso, precisei correr aqui anotar. Lá, não tenho medo de mudar, pois sei que quanto mais coisas deixamos de nos preocupar, mais nos permitimos sentir – e é para isso que vivo.
Lá, é fácil fechar os olhos e não imaginar o pior, a pureza e o céu azul existem. Lá, a vida seria como é aqui. Só que lá, não aqui. Seria a vida, simplesmente assim. Para ser vivida e plena. Tanto faz onde, com tanto que seja assim.
Hoje, ele apontou a mão e disse “ali ali, bem ali, vai ser a nossa casa”. E a última vez que ele me disse, anos depois, realmente foi. O que vai ser do futuro? eu sei é não. Mas, nunca vou me esquecer de lá. Pois foi naquela grama intensamente verde, que não consegui mais parar de sonhar outra vez. Mais uma vez. E sem parar. Afinal, meu amigo, sonhar não custa nada.

Nunca pare de sonhar.36

Finalmente consegui tirar uns dias – mesmo trabalhando daqui – para visitar os pais do Barba.  Para me acompanhar tô sempre no instagram , de besteirol no snapchat: ribeiro.isadora ou falando feito matraca no youtube.com/nanossavida  🙂