Era uma noite, não lembro se fria, quente ou daquelas tão boas em que o tempo passa mais rápido que o normal, só pra deixar saudade depois. Mas, lembro de risadas daqui e muito afago de lá. E foi em um tímido cantinho em que escutei do homem que hoje divido a vida -e que ainda me faz rir sem parar-, as palavras mais doces que já escutei.
Nessas pausas dramáticas do amor, a gente sempre imagina longas declarações no nível extreme da paixão, não é? Sempre. Mas não é.

Eu escutei muita coisa na minha -não muito grande- vida: declarações imensas, cartas, “bons” presentes, momentos dignos de “Own” gigantescos e até aquele famoso momento em que a gente só espera ouvir o “te amo” e “para sempre” na mesma frase. Mas e quando você esta com aquela pessoa que te faz sentir tudo, de tudo e de todas as formas e você lê nos olhos dela, mas ela não fala nada e você também não? Eu nunca tive tanto cuidado para soltar aquele “eu te amo” para alguém. Pois é. Eu, que sempre achei que tudo pudesse ser expressado em palavras, estava com aquela pessoa que me tirou o sentido de todas elas.

E aí, você pára e pensa: mas será que é mesmo o tal do amor? O meu Amor fez da música “l’amour”, a mais anti-amor de todas, ser de amor. Meu Amor nunca me disse “para sempre” mas, disse que me amaria a cada dia, conta? Ô! Esse amor não me engordou, me fez perder 3kg. Ele doeu muitas vezes, me fez chorar, mas não deixou de ser amor, me fez crescer. Ele não me deu chocolate ou flores, como um “kit apaixonado”, mas me deu as noites mais engraçadas e românticas da minha vida, apenas dividindo o seu silêncio com o meu ou jogando goiabinhas dentro da minha roupa no parque. E até mesmo os amigos que não botavam fé diziam: “É amor”. Foi bizzaro. Foi… Amor? eu juro que não sabia. Pois ás vezes é melhor só pensar “opa, tem algo aqui e ali também”.
Afinal, a vida me apresentou justo aquela pessoa que escolheu não usar as palavras que tanto amei escutar, pois esse é o meu jeito de amar, o meu, não dele. E é assim, sem modelos. Aprendi a amar e a compartilhar no silêncio do olhar. Pois a verdade é que a vida ensina a gente a ver o amor em coisas tão pequenas e tantas vezes disfarçadas no dia a dia. E quando aprendemos isso, os dias parecem ficar tão mais leves, tão puros, tão claros, tão…. amor? Eta palavrinha difícil de usar!

O meu amor não me disse eu te amo, mas me deu novos sentidos as palavras, deu sim. Olhou pra mim, sorrindo com os olhos – sim, eles sorriem também – e respirando fundo soltou as palavras que pareciam ser cantadas:- “Gosto muito de ti, baixinha”.

E eu esperei 6 meses para ouvir isso? É. E por favor, continue não desgastando o amor, pois eu compreendo. Afinal, o amor estava mesmo aí, sem ensaios, sem modelos, sem grandes palavras. Talvez o gostar seja o melhor do amor ou o melhor do amor seja isso mesmo: ter tudo que se gosta e aquilo que aprendemos a gostar em alguém. Simples. E é, gosto mais desse seu jeito de amar.

E olha, pode ser assim, pois eu também gosto muito de ti, Amor.
Posso te chamar de amor, Amor?
Porque é melhor amar assim… gostando. Com todos os modos e sentidos de gostar.
Afinal, só sei que amo assim… amando. Digo, gostando. Tanto faz. Seja o que for: é você, é amar é gostar e também é por vezes simplesmente não dizer, não descrever. Só ser… amor, ou como preferir chamar.