O cabelo é a moldura do nosso rosto, por isso quando queremos fazer alguma mudança mais evidente tentamos novos cortes, penteados, cores ou texturas.

As fases das nossas vidas são muito marcadas também pelo cabelo. Pensamos nele até mesmo como um acessório.

Mas, como tudo que é atrelado aos padrões de beleza, o cabelo fica ali seguindo também estes padrões que falam que precisamos nos encaixar.

Usamos químicas para ter resultados mais duradouros e ficamos nessa ansiedade de estar próximo do que é tendência. Mas, como tudo que é “modelo” ou um padrão, não é bacana quando seguimos como imposição.

Precisamos lembrar que o cabelo é parte do nosso corpo. Nosso corpo que é composto pelo físico e mental e altamente influenciável pelo social. Será que estamos seguindo nossa real identidade? Temos a liberdade de escolha ou obrigação?

Toda hora é um padrão novo. Por anos foi o cabelo liso que fez com que milhares de pessoas que tem cabelos cacheados ou crespos se submetam a tratamentos que detonam o cabelo e ainda são caríssimos, nos colocando presas a cada manutenção quando a raiz cresce, apenas para ele ficar liso.

Assim como o cabelo “acabei de sair da praia”, que é aquele liso com ondulações feitas com o baby liss. Quantas mulheres ficam horas e mais horas na frente do espelho para que ele fique “impecável”, todos os dias antes de sair de casa.

Hoje o movimento pelos cabelos naturais está em alta, QUE BOM! Mas também não é algo fácil depois de anos e anos desconhecendo as texturas, cumprimentos e cores que são nossos.

É uma redescoberta! Diversas mulheres cacheadas ou crespas passam hoje pela transição capilar… momento super difícil para muitas que acabam ficando com o cabelo metade liso e metade com cachos.

E essa transição fala muito sobre o nosso processo de autoconhecimento, quantas coisas que aprendemos vendo o nosso cabelo crescendo e tomando sua forma natural? Você começa a olhar para outros pontos de si que também eram ignorados e modificados para seguir padrões.

Cabelo é identidade também.

Algumas decidem por raspar o cabelo e ver o seu crescimento do zero, outras utilizam laces (perucas), outras fazem tranças, outras acabam aprendendo a fazer diversos penteados….

Neste processo super delicado temos também as mulheres que precisam passar por tratamentos como quimioterapia e também se veem neste momento.

A gente aprende muito com o nosso cabelo! E é muito fácil querer desistir, porém se descobrir dá trabalho mesmo, mas quando você começa a ver os resultados é muito recompensador!

É como se nós falassemos para nós no espelho “Oi, muito prazer em te conhecer”.

E mesmo assim, mesmo com o cabelo estando natural, ainda há uma grande caminhada de descobertas de como cuidá-lo da melhor forma, quais produtos dão certo, quais não dão… é tentativa e erro, mas insistir é importante.

E quando chegamos a esta etapa, quando estamos familiarizadas com este cabelo tão nosso, você se vê LIVRE.

Livre para fazer o que quiser, sem imposições, sabendo da sua essência.

Quer alisar de vez em quando? Alise! Nunca cortou curtinho e tem vontade? Corte! Quer raspar? Raspe!

A gente vai configurando a nossa identidade dentro desse espectro infinito do que podemos ser 🙂