Poucas coisas são tão gostosas na vida quanto ter alguém para poder confiar. Alguém que você sabe: ele estará ali, não importa o que aconteça. Essa tipo de alguém é raro na vida, mas quando encontramos, é um presente daqueles que só pode ter sido enviado do céu. Alguns nós conhecemos aleatoriamente em um momento da vida, em uma fase complicada. Geralmente, essa é a única pessoa que permanece em momentos ruins, mesmo não tendo essa obrigação. Esse tipo de alguém, disfarçado de irmão ou muitas vezes com o nosso sangue, é como ter um porto seguro. Você pode não vê-lo a todo instante, não contar sempre tudo o que acontece, mas ele te conhece. Tem coisas na vida que não tem explicação. Uma delas é o amor de irmão que posso ver nestes dois: Lucy e Ringo. Correndo o dia inteiro um atrás do outro, puxa orelha daqui, morde rabo de lá, querem o mesmo osso e a mesma ração. Tudo do outro é bem mais gostoso – eles tem razão. Tinha me esquecido, com a correria da vida, desse delicioso sentimento de encher, pentelhar, brigar, continuar a amar e ter para onde correr: Essa coisa que é ser irmão.

Lucy finge que não liga muito, se faz de durona. Mas, quando a coisa aperta pro Ringo, não mede esforços em proteger, ajudar ou disfarçar a sua bagunça. Ringo caçula se entrega, ama a sua irmã mais velha-heroína e não tem vergonha. “Minha irmã mais velha é a melhor do mundo”, quase posso ouví-lo dizer quando está sentado perto ao lado dela, que de tão coladinho, aposto achar que toda essa simpatia é contagiosa, e ele quer um pouquinho. Se tem uma coisa da vida que é boa é ter um irmão, de sangue, da vida, de anos ou pouco tempo. Irmão não se comemora por meses, diferente de namoro. Ser irmão é uma coisa assim, puramente do coração. Uma ligação forte demais para ser separada, mas leve livre e delicada demais para se quebrar. É criar laços eternos com pequenas ações. Ter um irmão é ter um pedacinho fora de sí, com trejeitos e manias que você mais admira, se irrita e lida com elas como se não fosse nada. Ser irmão é não ver barreiras para ficar perto é apenas querer estar, sem trocas ou chantagens. Como se fosse inevitável e a vida a cada dia os trouxessem mais perto, com uma conexão intensa e sincera. Ser irmão é querer aproveitar cada instante, silêncio e colecionar memórias.

Vocês estão certos, Lucy e Ringo. Dessa vida, a gente só leva isso: as lembranças da vida que dividimos com quem amamos e a cumplicidade de um irmão. Que bom que vocês se encontraram!

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