A gente fica bastante tempo sozinho aqui – só que não. Quando o conheci, já sabia: vamos gostar dessa ideia de ser companheiros. Ficamos pouco tempo longe de presença, embora no dia a dia, eu tenha meu mundo e ele o dele. É diferente. Sempre gostei de estar só. Fazer minhas coisas quietinhas, pensar meus pensamentos mais complexos sem conclusões, beber um café devagar, deixar o restinho na caneca. Fechar os olhos no sol e criar pequenos projetos para desafiar minha capacidade de cuidado em mil tentativas para dar certo. Dessa vez, não foi muito diferente. 6 dias que ele ficou fora, troquei as lâmpadas pifadas, fiz um tapete, arrumei os vasos, testei cinco receitas, fiz iogurte caseiro, comecei a fazer um pufe, curti minha companhia – e senti a saudade da dele.

IMG_3934-11Lucy perde um pouco o chão. Nas primeiras horas ela passa tentando parecer como se tudo estivesse tranquilo, sem nada acontecer. Apaga a luz, hora de dormir e ela estranha. Dia seguinte, parece que não faz sentido. É engraçado, mas dá um pingo de dó. Saudade é uma coisa que a gente não pode fazer nada. Só seguir e no final do dia esperar.IMG_3919-2IMG_3930-9IMG_3927-6Ringo permanece no seu mundinho Lucy. Se ela esta por aí, tá tudo bem. Choraminga nos primeiros 10 minutos e passa. Ele releva. Ou sabe que vai voltar e não tem nada que se possa fazer até lá.IMG_3924-5IMG_3923-4 IMG_3922-3Os cachorros seguem nosso ritmo. Eu falo baixo, ele alto – então, a casa fica mais quieta. Eu sou mais introspectiva e ele interage com tudo ao redor. Eu vivo o plano do dia a dia e ele dá chance para que uma brincadeira com Lucy e Ringo o surpreenda depois do almoço e mude tudo. Sozinha sinto que tenho tudo sob controle: os pêlos varridos do chão, a louça lavada na hora, a comida planejada na geladeira, sem nada fora do lugar. Com ele, aprendo como é bom também deixar a vida nos levar. Além ou por aqui, tanto faz. Que bom que a gente se trombou na vida para aprender a se equilibrar – juntos ou menos juntos. Afinal, juntos, de alguma forma, a gente sempre tá.