Contei para vocês que ficamos uns dias no interior do RS. Todas as vezes que vamos para lá, além do seu céu sem filtro cinza de poluição, o que mais me rouba a atenção são as casinhas. “INHAS” porque são queridas, não por serem menores de tamanho ou valor. Agora, vou contar outra coisa, o barbudo e eu temos uma mania: inventar histórias. Se estamos em um restaurante, ou na rua, um de nós ergue a sobrancelha apontando para um lugar ou casal, família e diz: “Qual é a história?” E, lendo os sorrisos e trejeitos, criamos situações. Eu, como ele mesmo diz, vou um pouco mais longe e até palavras invento o dia todo. Mas essa deixa para outro dia. “Tá, Isa. Onde você quer chegar?”

Não é novidade dizer que casa diz muito sobre quem somos. Mas lá as casas expressam, para quem estiver ali passando, a sua identidade para quem quiser ver. O que é algo que na cidade grande se perdeu um pouco: as casas viraram fortes; têm muros altíssimos, alguns colocam até umas plantinhas para alegrar, portões altos e só vemos os telhados; lanças, cacos de vidro, arames elétricos e tudo o que não faz parte de nós. Lá a frente das casas contam histórias: uma pintura impecável em tons quentes, que foi escolha da mãe da casa; um gramado cortadinho em um domingo preguiça; uma rachadura na parede onde foi a primeira batida de carro do filho ao sair da garagem; uma onde o cachorrinho no quintal da casa, na verdade, é um cavalo; outra onde o quintal da casa é um campo aberto. Umas com um portão pequeno, outras sem portão; umas em madeira, outras com vidros mais modernos; roupas penduradas ali na frente, super gente como a gente; outras mais discretas no fundinho do quintal.
Eu espero que elas não mudem e que, se possível, eu possa ver seus donos para rir de que minhas histórias não têm nada a ver. Eu espero que elas, as casas, continuem dando a cara a tapa para o que são, pelas suas fachadas simples e lindas, por muitos anos. Assim, no próximo verão, posso ver o que mudou e continuar a criar histórias sobre as pessoas nesse mundão que, embora ainda pequeno em tamanho e população, não foi tão afetado por tristes histórias que o forçaram a mudar o rumo das fachadas.
Entenderam onde quis chegar? Divirtam- se aí em imaginar. Nossa vida é feita de detalhes, é só reparar. Eles contam muito sobre nós – não pense que não. 🙂

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Revisão de: Thaís Chiocca