Eu sempre gostei muito de roupas, mas antigamente eu era doida por elas. Tipo, DOIDA.

Quando eu era mais nova, eu acumulava peças e peças no meu armário que era cinco vezes maior do que o que eu uso hoje – é sério. Minha mãe sempre nos fez doar/dar muita coisa, mas eu também ganhava muitas peças. E sempre vinha aquela velha promessa do “mas eu vou usar, deixa essa roupa aí”.

Quando comecei a trabalhar, não mudou muita coisa. Pelo menos não piorou, mas ainda assim eu tinha um armário com 50% de aproveitamento: Peças que não tinham tão minha cara, outras que não vestiam bem, cores que não me representavam e modelos que eu tinha sem saber se gostava. Naquela época a palavra minimalismo não era usada, mas tem algo que sempre existiu e não era levado muito a sério e, que se chama bom senso.

Comecei a perceber em 2010 a quantidade de roupas que eu tinha e o drama que era para me vestir toda a vez. Trabalhava com análise de sistemas na época e era difícil encontrar uma roupa social que eu curtia. Veio a ideia de desenhar algumas peças e mandar fazer, principalmente as calças. Eu tinha 4 calças para trabalhar, feitas à mão por uma costureira amiga da minha mãe, com caimento perfeito e tecido agradável. O valor? acredite, era Ok.  Foi a partir daí que repensei todo o meu armário.

Valeria mais ter um armário LOTADO ou peças úteis e que funcionavam?

Claro que a resposta é a segunda. Ainda mais porque eu sou do time das práticas, odiava passar hora pensando no que combinar e enfim. Outra coisa é que se tem algo que acaba com a gente é a compulsão, seja ela alimentar, por compras, sapatos, respostas… Tanto faz. Ela nos corrói. Passei a juntar o dinheiro na gaveta toda vez que eu pensava em comprar uma roupa que seria inútil. SIM, a gente SEMPRE sabe quando compra por impulso só não somos honestos com a gente. Foi assim que tive a noção, quando em um piscar de olhos tinha 300 reais. Claro que o problema não era apenas financeiro. Percebia que eu me escondia por traz das sacolas ou das tendências, mesmo que em um nível 3 de 0 a 10. Lembro da cena: Peguei um bloquinho e listei as peças que eu precisava para combinarem com as calça de trabalho que eu tinha e ter um guarda roupa versátil e simplificado. Escrevi minhas cores preferidas e algumas neutras para as blusinhas e camisas. Depois de fazer isso, fiz a rapa! E o prazer de dar roupas e de planejar se tornou bem mais gratificante.

Finalmente descobri quais eram as peças que eu realmente AMAVA. Descobri o caimento que eu adorava em uma e a cor não ia bem, ou que o tom não valorizava e assim vai. Fui aos poucos me entendendo visualmente. E acredito que este processo nunca tem fim, afinal a gente muda. E QUE BOM!

Hoje, meu armário é mega compacto. Não sou das mais fashionistas-empenhadas, mas gosto do que tenho aqui. Comprar faz bem, mas acima de tudo, já não projeto minha felicidade em mil sacolas. Sei que posso viver sem uma X roupa e, sei que, posso me apaixonar perdidamente por elas e fazê- las serem bem aproveitadas. Uso até o TALO das roupas que tenho. Por conta do blog e ganho algumas peças, geralmente mais chamativas. Amo estampas, mas me encontrei em uma fase em que preciso equilibrar essa história toda. Como tudo na vida essa é outra fase que vou passar para trazer mais neutralidade.

Atualmente tempo um armário bem pequeno e que antes só caberiam meus pijamas, hahaha. Ás vezes o Barba fala de pegar uma cômoda ou algo maior e eu reluto. Peguei gosto pela simplicidade, por ter somente o necessário e passar pra frente e ver alguém usando algo mais feliz do que eu.

Não tenho tantas peças. Porém tento planejar mais a coisa toda. Ter peças chaves como um vestido, blazer, casacos pesados, jeans bons e assim vai. Repito roupa e não é pouco, repito muito. Vocês podem reparar e eu nem ligo. Só porque compro usando a cabeça e o coração alinhadinhos. Ás vezes até demoro demais para comprar pensando se realmente preciso e a peça acaba.

No final das contas, se está no meu dia a dia é porque amo e fala por mim. Tanto no meu armário e em qualquer área da vida. Só esteja rodeado do que você ama e te faz bem.